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Desejo do analista e função paternaOutra dimensão do saber
Em “O Seminário 10: a angústia”, Lacan pergunta o que é
um pai e o que é um analista. Essa questão se faz causa e
gera trabalho.
No mesmo seminário, ele já enuncia que o tema de seu es-
tudo para o próximo ano não será mais em torno do Nome-
do-Pai, mas dos Nomes-do-Pai. Lacan se refere ao mito
freudiano Totem e Tabu, dizendo que aí o pai intervém de
maneira mítica, como um pai que impõe seu desejo a to-
dos os outros, invadindo-os. Ele questiona se não haverá aí
uma contradição, pois é por intermédio desse pai que se
instaura o desejo mediado pela Lei. E ele acrescenta: “... na
manifestação de seu desejo, o pai sabe a que a esse desejo
se refere?” (LACAN, 2005, p. 365). Pois, contrariamente ao
que diz o mito
[...] o pai não é causa sui, mas é o sujeito que foi longe
o bastante na realização de seu desejo para reintegrá-lo
em sua causa, seja ela qual for, para reintegrá-lo no que
há de irredutível na função do a (LACAN, 2005, p. 365).
Lacan trabalha o desejo articulado ao objeto a e fala da su-
peração da angústia através do amor. Aí, ele define o analis-
ta como aquele que
[...] minimamente não importa por qual vertente, por
qual borda, tenha feito seu desejo entrar suficientemente
nesse a irredutível para oferecer à questão do conceito
da angústia uma garantia real (LACAN, 2005, p. 366).
Essas questões colocadas culminam numa pergunta: se o
desejo do analista e o desejo do pai encontram-se nesse a
irredutível, os dois se encontram no mesmo lugar, ou seja,
lugar do feminino, do vazio, do não-todo?
60 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 59-68, 2017
Em “O Seminário 10: a angústia”, Lacan pergunta o que é
um pai e o que é um analista. Essa questão se faz causa e
gera trabalho.
No mesmo seminário, ele já enuncia que o tema de seu es-
tudo para o próximo ano não será mais em torno do Nome-
do-Pai, mas dos Nomes-do-Pai. Lacan se refere ao mito
freudiano Totem e Tabu, dizendo que aí o pai intervém de
maneira mítica, como um pai que impõe seu desejo a to-
dos os outros, invadindo-os. Ele questiona se não haverá aí
uma contradição, pois é por intermédio desse pai que se
instaura o desejo mediado pela Lei. E ele acrescenta: “... na
manifestação de seu desejo, o pai sabe a que a esse desejo
se refere?” (LACAN, 2005, p. 365). Pois, contrariamente ao
que diz o mito
[...] o pai não é causa sui, mas é o sujeito que foi longe
o bastante na realização de seu desejo para reintegrá-lo
em sua causa, seja ela qual for, para reintegrá-lo no que
há de irredutível na função do a (LACAN, 2005, p. 365).
Lacan trabalha o desejo articulado ao objeto a e fala da su-
peração da angústia através do amor. Aí, ele define o analis-
ta como aquele que
[...] minimamente não importa por qual vertente, por
qual borda, tenha feito seu desejo entrar suficientemente
nesse a irredutível para oferecer à questão do conceito
da angústia uma garantia real (LACAN, 2005, p. 366).
Essas questões colocadas culminam numa pergunta: se o
desejo do analista e o desejo do pai encontram-se nesse a
irredutível, os dois se encontram no mesmo lugar, ou seja,
lugar do feminino, do vazio, do não-todo?
60 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 59-68, 2017