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Desejo do analista e função paternaOutra dimensão do saber

pai que ex-siste a todos os homens da horda e se encon-
tra numa posição de exceção. De acordo com Lacan, essa
identificação primária, na qual o pai é incorporado, se trata
de uma identificação pelo amor ao pai, pois “na medida em
que são privados de mulher, os filhos amam o pai” (LA-
CAN, 2007, p. 147). Essa é a pai-versão, a perversão do pai,
a função do pai que é garantida na orientação do seu dese-
jo. Como diz Lacan, é simplesmente a lei do amor. Nesse
momento de seu ensino, o que importa é o desejo do pai
que é causado por uma mulher. Dessa forma, o filho pode
amá-lo e incorporá-lo, se instalando assim a identificação
primária.

De acordo com Lacan:

A perversão não é definida porque o simbólico, o imag-
inário e o real estão rompidos, mas, sim, porque eles já
são distintos, de modo que é preciso supor um quarto,
que é o sinthoma (LACAN, 2007, p. 21).

Ele ainda enuncia “que é preciso supor tetrádico o que faz
o laço borromeano – perversão quer dizer apenas versão em
direção ao pai –, em suma, o pai é um sinthoma” (LACAN,
2007, p. 21). Nesse mesmo “O Seminário 23: o sinthoma”,
ele novamente diz: “O pai, como nome e como aquele que
nomeia, não é o mesmo. O pai é esse quarto elemento, que
é conveniente chamar de o sinthoma” (LACAN, 2007, p.
163). Quanto a isso, Rodrigues (2007) faz uma observação
dizendo que Lacan, a partir de 1974, dá um novo sentido
aos nomes-do-pai. Agora trata-se de um pai nomeante, de
um Pai-do-Nome, não mais somente de um nome que no-
meia o pai na ordem simbólica, e sim:

64 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 59-68, 2017
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