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Marilia Pires Botelho O sentido do sintoma
deve operar, mas é com o equívoco, com lalangue. Ao jo-
gar com o equívoco da palavra “sentido”, podemos concluir
que o sintoma dá a “direção, a orientação” do real para o
analista. Daí Lacan afirmar que o sentido do sintoma é o
real.
O sentido do sintoma, ele diz, depende do futuro do real,
ou seja, de como a psicanálise irá lidar com o real. Pois, o
que é pedido ao analista é que ele livre o sujeito do real e
do sintoma. O tratamento do real visa o gozo que o sintoma
comporta.
Em “Joyce, o sintoma”, Lacan (1976) pontua que a análise
que recorre ao sentido para resolvê-lo, deixando de lado o
gozo do sintoma, não tem outra chance, senão se fazendo
tapear, pois só há despertar do sujeito por meio desse gozo.
Ao se questionar se a psicanálise seria um sintoma, Lacan
diz que chama de sintoma aquilo que vem do real. Em suas
palavras: “... isso se apresenta como um peixinho cuja boca
voraz só se fecha depois de morder o sentido” (LACAN,
1974, p. 185-186).
Résumé: L’auteur a recours aux textes de Freud et
de Lacan afin d’aborder la question soulevée dans
un cartel: L’analyste cherche le sens du symptôme?
Mots-clés: Inconscient. Symptôme. Sens. Parlê-
tre. Corps. Jouissance.
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 53-58, 2017 57
deve operar, mas é com o equívoco, com lalangue. Ao jo-
gar com o equívoco da palavra “sentido”, podemos concluir
que o sintoma dá a “direção, a orientação” do real para o
analista. Daí Lacan afirmar que o sentido do sintoma é o
real.
O sentido do sintoma, ele diz, depende do futuro do real,
ou seja, de como a psicanálise irá lidar com o real. Pois, o
que é pedido ao analista é que ele livre o sujeito do real e
do sintoma. O tratamento do real visa o gozo que o sintoma
comporta.
Em “Joyce, o sintoma”, Lacan (1976) pontua que a análise
que recorre ao sentido para resolvê-lo, deixando de lado o
gozo do sintoma, não tem outra chance, senão se fazendo
tapear, pois só há despertar do sujeito por meio desse gozo.
Ao se questionar se a psicanálise seria um sintoma, Lacan
diz que chama de sintoma aquilo que vem do real. Em suas
palavras: “... isso se apresenta como um peixinho cuja boca
voraz só se fecha depois de morder o sentido” (LACAN,
1974, p. 185-186).
Résumé: L’auteur a recours aux textes de Freud et
de Lacan afin d’aborder la question soulevée dans
un cartel: L’analyste cherche le sens du symptôme?
Mots-clés: Inconscient. Symptôme. Sens. Parlê-
tre. Corps. Jouissance.
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 53-58, 2017 57