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Desejo do analista e função paternaOutra dimensão do saber

nificante excepcional, o S1, Nome-do-Pai, significante que
legitima, que garante a ordem significante. Portanto, a fun-
ção do pai é a que permite uma relativa relação com o vazio
originário que produz o desamparo da existência humana,
tornando possível para o vivente suportá-lo.

Da lógica, do estudo através das fórmulas da sexuação, La-
can passa à topologia dos nós. Em “O Seminário 22: RSI”,
ele trabalha o Complexo de Édipo estruturante da neurose
e se dedica novamente ao problema do pai em Freud. Em
seu texto, “Mal-Estar na Civilização”, Freud fala desse va-
zio, desse desarranjo estrutural no homem, um desarranjo
fundamental. Os registros real, simbólico e imaginário não
se enlaçam harmoniosamente; a estrutura do ser falante é
falha, sempre haverá algum erro. Por isso, “a relação sexual
não existe” segundo a proposição lacaniana. Não existe
uma relação direta do sujeito com o objeto. Nesse semi-
nário, através dos nós, Lacan tenta dar conta da estrutura
do ser falante pela amarração dos três registros. Ele inter-
roga se esses três registros não poderiam enlaçar-se por
si mesmos, sem a presença do quarto termo que é o No-
me-do-Pai. Pois, para ele, esse quarto termo se constitui
do Nome-do-Pai, da Realidade psíquica e do Complexo de
Édipo e é imprescindível à estruturação do sujeito.

Ao trabalhar o pai por meio da exceção mostrada na Tábua
da sexuação, Lacan diz:

Um pai só tem direito ao respeito, senão ao amor, se
o-dito amor, o-dito respeito, estiver père-vertidamente
orientado, isto é, feito de uma mulher, objeto pequeno a
que causa seu desejo (LACAN, 1974-1975, p. 23).

62 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 59-68, 2017
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