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Marisa G. Cunha Martins
Sendo o pai aquele que tem uma relação estreita com seu Desejo do analista e função paterna
desejo, aquele que foi longe na realização de seu desejo,
ele não deixou, de um lado, o desejo; e do outro, o a, esse
desejo não está sustentado no ideal, não está sustentado
apenas no fantasma. O pai tem seu desejo sustentado além
do fantasma, seu desejo está sustentado no objeto a como
causa. No fantasma, o a está situado como objeto. Para o a
operar como causa, isso implica um atravessamento, uma
passagem ao outro lado.
Ainda em “O Seminário 10: a angústia”, Lacan propõe um
mais além do rochedo da castração apresentado por Freud e
indaga o que deveria ser o desejo do analista para franquear
a angústia de castração. Sabe-se com Lacan, que, para uma
análise ir além da angústia de castração, faz-se necessário
que o analista tenha feito uma travessia, ou seja, tenha ido
mais além da fantasia e alcançado o objeto a como causa.
A partir de “O Seminário 18: de um discurso que não fos-
se semblante”, Lacan tenta dar conta da diferença entre
os sexos através da lógica e, em “O Seminário 20: mais,
ainda”, formaliza a Tábua da sexuação. Do lado esquerdo
dessa Tábua, Lacan trabalha a função da exceção paterna
encontrada no mito freudiano Totem e Tabu. O pai como
exceção não está castrado, ele goza de todas as mulheres,
não está limitado em seu gozo. Assim, os filhos que estão
impedidos de ter acesso às mulheres da horda se revoltam
e matam o pai. Mas, a partir daí, mediante a culpa, se ins-
tala a proibição do incesto. O lugar do pai fica vazio, nesse
lugar se instala uma instância simbólica, lugar de um sig-
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 59-68, 2017 61
Sendo o pai aquele que tem uma relação estreita com seu Desejo do analista e função paterna
desejo, aquele que foi longe na realização de seu desejo,
ele não deixou, de um lado, o desejo; e do outro, o a, esse
desejo não está sustentado no ideal, não está sustentado
apenas no fantasma. O pai tem seu desejo sustentado além
do fantasma, seu desejo está sustentado no objeto a como
causa. No fantasma, o a está situado como objeto. Para o a
operar como causa, isso implica um atravessamento, uma
passagem ao outro lado.
Ainda em “O Seminário 10: a angústia”, Lacan propõe um
mais além do rochedo da castração apresentado por Freud e
indaga o que deveria ser o desejo do analista para franquear
a angústia de castração. Sabe-se com Lacan, que, para uma
análise ir além da angústia de castração, faz-se necessário
que o analista tenha feito uma travessia, ou seja, tenha ido
mais além da fantasia e alcançado o objeto a como causa.
A partir de “O Seminário 18: de um discurso que não fos-
se semblante”, Lacan tenta dar conta da diferença entre
os sexos através da lógica e, em “O Seminário 20: mais,
ainda”, formaliza a Tábua da sexuação. Do lado esquerdo
dessa Tábua, Lacan trabalha a função da exceção paterna
encontrada no mito freudiano Totem e Tabu. O pai como
exceção não está castrado, ele goza de todas as mulheres,
não está limitado em seu gozo. Assim, os filhos que estão
impedidos de ter acesso às mulheres da horda se revoltam
e matam o pai. Mas, a partir daí, mediante a culpa, se ins-
tala a proibição do incesto. O lugar do pai fica vazio, nesse
lugar se instala uma instância simbólica, lugar de um sig-
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 59-68, 2017 61