Page 53 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Marisa G. Cunha Martins Sobre a consistência.

No primeiro encontro, o grupo colocou suas
curiosidades e suas dúvidas quanto ao tema, e o mais-um,
que naquele momento exercia a função de mestre, ficou
encarregado da seleção de alguns textos. Em cada encontro,
as discussões dos textos ficavam mais calorosas, o cartel
parecia ter engrenado. Assim, o mais-um entendeu que
chegara o momento de nomear o cartel para fazer sua
inscrição na Escola, delegando aos membros do grupo um
por um a tarefa de buscar um nome. A implicação nessa
tarefa foi tamanha que os participantes descolaram do líder
e o cartel decolou. Foram meses de pesquisas, e cada um
trazia junto com a sugestão do nome a sua questão que
mais tarde se tornaria a produção de cada um.

Dessa forma, de encontro a encontro os textos
apontavam uma articulação do cartel com a Escola e o Passe.
As discussões desse entrecruzamento esbarravam sempre
na escuta psicanalítica, momento em que os participantes
falavam de sua clínica, expondo seus impasses. Não foi
por mera coincidência que o cartel foi nomeado e inscrito
“Escola, Cartel, Passe: impasses”. Esse nome, essa inscrição
não foi sem efeitos, apontou o âmago do menos-um, apontou
o significante do Outro barrado em que se consiste o mais-
um no cartel, instituindo a angústia do não saber. Mas,
ao mesmo tempo essa angústia do não saber implicava
uma causa, um desejo de saber que mantinha o grupo e o
animava ao trabalho.

Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 47-58, 2016 53
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