Page 50 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Sobre a consistência.A função mais-um no cartel
pessoas, e sim pelo menos três, o que já faz quatro, e já
inclui a mais uma, mesmo que só sejam três. E se uma
só for retirada o grupo se desfaz. Para que se dê a prova
de que o nó é borromeano e que ali se encontram as três
consistências mínimas que o constituem, é necessário que
se tire uma real. “Em três não se sabe nunca qual das três
é real, e é por isso que é necessário que sejam quatro...”
(LACAN, aula de 15 de abril de 1975).
Contudo, Cabas nos diz que o sinal mais que
integra essa função mais-um não indica uma adição. Esse
um não se adiciona, sua propriedade associativa se reduz a
zero. “O resultado é que o “mais” não é um signo algebraico;
é um significante que denota a separação. A fórmula “quatro
mais um” deve ser lida ao pé da letra: quatro separados um
por um” (CABAS, 1994, p. 52).
Mas voltando a Jimenez (1994, p. 14), ela situa
que, das discussões sobre o cartel, fica claro que “a função
do mais-um deve ser individualizada e encarnada em
uma pessoa”. O mais-um nunca poderia assumir o lugar
de um líder, não se situar no lugar do coordenador de um
grupo, nem se passar por um professor ou por um analista.
Entretanto, com a dissolução da Escola em 1980, Lacan
descola rumo à Causa Freudiana, e, munido de experiências
alcançadas ao longo desses onze anos de Escola, faz novas
indicações sobre o funcionamento do Cartel.
Segundo essa autora, Lacan formaliza que,
para se constituir um cartel, quatro pessoas devem se
escolher para fazer um trabalho que deve ter no final um
50 Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 47-58, 2016
pessoas, e sim pelo menos três, o que já faz quatro, e já
inclui a mais uma, mesmo que só sejam três. E se uma
só for retirada o grupo se desfaz. Para que se dê a prova
de que o nó é borromeano e que ali se encontram as três
consistências mínimas que o constituem, é necessário que
se tire uma real. “Em três não se sabe nunca qual das três
é real, e é por isso que é necessário que sejam quatro...”
(LACAN, aula de 15 de abril de 1975).
Contudo, Cabas nos diz que o sinal mais que
integra essa função mais-um não indica uma adição. Esse
um não se adiciona, sua propriedade associativa se reduz a
zero. “O resultado é que o “mais” não é um signo algebraico;
é um significante que denota a separação. A fórmula “quatro
mais um” deve ser lida ao pé da letra: quatro separados um
por um” (CABAS, 1994, p. 52).
Mas voltando a Jimenez (1994, p. 14), ela situa
que, das discussões sobre o cartel, fica claro que “a função
do mais-um deve ser individualizada e encarnada em
uma pessoa”. O mais-um nunca poderia assumir o lugar
de um líder, não se situar no lugar do coordenador de um
grupo, nem se passar por um professor ou por um analista.
Entretanto, com a dissolução da Escola em 1980, Lacan
descola rumo à Causa Freudiana, e, munido de experiências
alcançadas ao longo desses onze anos de Escola, faz novas
indicações sobre o funcionamento do Cartel.
Segundo essa autora, Lacan formaliza que,
para se constituir um cartel, quatro pessoas devem se
escolher para fazer um trabalho que deve ter no final um
50 Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 47-58, 2016