Page 51 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Marisa G. Cunha Martins
produto. Ele especifica que esse produto não deve ser Sobre a consistência.
coletivo, e sim, individual. Num segundo momento, o
cartel deve passar pela eleição de um mais-um que passe 51
pela concordância dos demais membros e uma demanda
deve ser feita ao elemento eleito. A função do mais-um é
de velar pelos efeitos internos e provocar uma elaboração,
bem como selecionar, discutir e dar saída ao trabalho de
cada um. Como o mais-um é qualquer um, a ele também
fica estabelecido produzir um trabalho, da mesma forma
que qualquer outro participante do cartel.
Cabas (1994, p. 51) precisa que a função mais-um
se encontra presente em todo grupo humano. E que, “tal
como ocorrera com a libido (que até o advento de Freud
ficou oculta sob o limo da sugestão) a função do mais-um
permaneceu na penumbra velada pelo brilho que envolve
a presença do ideal”. Ele comenta que diante de um final
de análise em que a identificação se dava ao analista,
Lacan encontra uma maneira diferente pela qual há uma
separação do sujeito e do Outro da transferência, sem que
se dê o rompimento do laço que o liga à linguagem. Nesse
momento ele situa a função do mais-um, uma função ímpar.
Esse mais-um que é qualquer um, portanto,
deve ser alguém, uma pessoa, e Lacan afirma seu propósito
de isolar essa pessoa do grupo. Cabas (1994) interroga:
Como entender isso? Segundo ele, a psicanálise, a partir
da transferência, coloca em evidência a propriedade do
significante, que é encarnar-se. A transferência visa a um
encontro com alguém que possa encarnar um Outro. Um
Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 47-58, 2016
produto. Ele especifica que esse produto não deve ser Sobre a consistência.
coletivo, e sim, individual. Num segundo momento, o
cartel deve passar pela eleição de um mais-um que passe 51
pela concordância dos demais membros e uma demanda
deve ser feita ao elemento eleito. A função do mais-um é
de velar pelos efeitos internos e provocar uma elaboração,
bem como selecionar, discutir e dar saída ao trabalho de
cada um. Como o mais-um é qualquer um, a ele também
fica estabelecido produzir um trabalho, da mesma forma
que qualquer outro participante do cartel.
Cabas (1994, p. 51) precisa que a função mais-um
se encontra presente em todo grupo humano. E que, “tal
como ocorrera com a libido (que até o advento de Freud
ficou oculta sob o limo da sugestão) a função do mais-um
permaneceu na penumbra velada pelo brilho que envolve
a presença do ideal”. Ele comenta que diante de um final
de análise em que a identificação se dava ao analista,
Lacan encontra uma maneira diferente pela qual há uma
separação do sujeito e do Outro da transferência, sem que
se dê o rompimento do laço que o liga à linguagem. Nesse
momento ele situa a função do mais-um, uma função ímpar.
Esse mais-um que é qualquer um, portanto,
deve ser alguém, uma pessoa, e Lacan afirma seu propósito
de isolar essa pessoa do grupo. Cabas (1994) interroga:
Como entender isso? Segundo ele, a psicanálise, a partir
da transferência, coloca em evidência a propriedade do
significante, que é encarnar-se. A transferência visa a um
encontro com alguém que possa encarnar um Outro. Um
Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 47-58, 2016