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Pai como função realOutra dimensão do saber
pai simbólico, não constitui para Lacan o modelo bom da
função. O pai morto não diz nada e se torna impotente. Em
contrapartida, temos o pai terrível, gozador de Schreber
que diz tudo. O pai deve ser, portanto, interrogado no nível
do Real. O pai real não é uma função vazia, mas o operador
da castração. Lacan propõe pensar o pai real enquanto pai
desejante, não terrível, nem morto, mas real. Portanto,
para além do mito do Édipo, o pai Real entra como um
operador estrutural. Sendo agente da castração, introduz
a perda do objeto e lança o desejo. O pai como função está
no nível do desejo, no nível do objeto como causa. Um pai
só tem direito ao amor se tiver feito de uma mulher, objeto
pequeno a, a causa de seu desejo. A única garantia de sua
função é a função de sintoma, por isso a função de exceção,
exceção sintomática. Serve-se do pai nessa condição. Ele é
modelo na função e pouco importa que sintomas ele tenha,
o importante é que conserve o objeto a como causa de seu
desejo e que nunca capture o sujeito em seu sintoma, não
podendo se ver, de imediato, do que se trata naquilo que ele
não diz (LACAN, 1974-1975, p. 23).
O pai indicado por Lacan como o que tem a função
de nomear, mas também de ser o suporte do amor na
identificação primária, é a base do nó borromeano. Ele está
no coração do nó, no centro do nó, está no Real, dentro do
nó, onde se situa também o desejo.
Em “O Seminário 22: RSI”, ao incluir o real, Lacan convoca
mais que o desejo do pai, ele convoca, portanto, seu sintoma.
A função sintoma enoda as três dimensões e passa pelo
74 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 69-77, 2017
pai simbólico, não constitui para Lacan o modelo bom da
função. O pai morto não diz nada e se torna impotente. Em
contrapartida, temos o pai terrível, gozador de Schreber
que diz tudo. O pai deve ser, portanto, interrogado no nível
do Real. O pai real não é uma função vazia, mas o operador
da castração. Lacan propõe pensar o pai real enquanto pai
desejante, não terrível, nem morto, mas real. Portanto,
para além do mito do Édipo, o pai Real entra como um
operador estrutural. Sendo agente da castração, introduz
a perda do objeto e lança o desejo. O pai como função está
no nível do desejo, no nível do objeto como causa. Um pai
só tem direito ao amor se tiver feito de uma mulher, objeto
pequeno a, a causa de seu desejo. A única garantia de sua
função é a função de sintoma, por isso a função de exceção,
exceção sintomática. Serve-se do pai nessa condição. Ele é
modelo na função e pouco importa que sintomas ele tenha,
o importante é que conserve o objeto a como causa de seu
desejo e que nunca capture o sujeito em seu sintoma, não
podendo se ver, de imediato, do que se trata naquilo que ele
não diz (LACAN, 1974-1975, p. 23).
O pai indicado por Lacan como o que tem a função
de nomear, mas também de ser o suporte do amor na
identificação primária, é a base do nó borromeano. Ele está
no coração do nó, no centro do nó, está no Real, dentro do
nó, onde se situa também o desejo.
Em “O Seminário 22: RSI”, ao incluir o real, Lacan convoca
mais que o desejo do pai, ele convoca, portanto, seu sintoma.
A função sintoma enoda as três dimensões e passa pelo
74 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 69-77, 2017