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Bárbara Guatimosim Vicissitudes do desejo do analista
que reitera mais uma vez a perda de gozo: o des-ser do analista,
a queda da máscara que lhe dava lugar de causa, deixando-se
cair, ao fim do baile, como um significante qualquer, de volta ao
tesouro de onde foi colhido o significante da transferência que
o animou. Isso implica no luto do analista em sua função. Em
seu desejo, diz Lacan (1961), tal como Sócrates diante do amor
de Alcebíades (não é comigo, é com Agatão), ele se vê valendo
como qualquer outro. O analista seguirá então interrogando o
sujeito analisante ao risco de se ver desaparecer.
Dito de outro modo, nesse processamento, o objeto a é aqui,
no nó borromeano, triplamente interditado, restando lapidadas
suas faces: RSI.
Contudo, o objeto a como agente, o lugar que aciona o discurso
do analista, é também o centro do turbilhão que faz as hélices
do nó borromeano girarem. Pegando esse jato, é o desejo do
analista enquanto objeto a, no ponto máximo de seu vazio, que
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 19-31, 2017 27
que reitera mais uma vez a perda de gozo: o des-ser do analista,
a queda da máscara que lhe dava lugar de causa, deixando-se
cair, ao fim do baile, como um significante qualquer, de volta ao
tesouro de onde foi colhido o significante da transferência que
o animou. Isso implica no luto do analista em sua função. Em
seu desejo, diz Lacan (1961), tal como Sócrates diante do amor
de Alcebíades (não é comigo, é com Agatão), ele se vê valendo
como qualquer outro. O analista seguirá então interrogando o
sujeito analisante ao risco de se ver desaparecer.
Dito de outro modo, nesse processamento, o objeto a é aqui,
no nó borromeano, triplamente interditado, restando lapidadas
suas faces: RSI.
Contudo, o objeto a como agente, o lugar que aciona o discurso
do analista, é também o centro do turbilhão que faz as hélices
do nó borromeano girarem. Pegando esse jato, é o desejo do
analista enquanto objeto a, no ponto máximo de seu vazio, que
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 19-31, 2017 27