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Vicissitudes do desejo do analistaTopologia e desejo do analista: vicissitudes
faz o efeito turbo na experiência analítica. Um efeito vacuus da
função pai, função de enodamento convocada pela causa e, por
isso, a análise não se faz sem risco, não se têm sempre respostas
à altura do nó, ou seja, respostas amarradas de sujeito. Pois, se o
objeto a nasce com o nó, o sujeito é também seu fruto. A função
analítica convoca à fala e ao falo. Quando a função fálica falta,
a resposta pode ser precária, pode emergir truncada: podemos
obter a desorientação, até mesmo o delírio, mas também a reo-
rientação ética na construção de singularidades.
No entanto, como efeito da perda irremediável, gozo irrecupe-
rável, o objeto a, objeto parcial, assim esvaziado e destacado do
corpo como causa, concorrerá com os objetos tamponadores
que mantêm o gozo e o sofrimento nas estruturas clínicas. E
aqui algo importa ressaltar: temos verificado que a avalanche de
mudanças, analíticas e terapêuticas, produzidas em uma análi-
se, metamorfoses reais, não são efeitos necessários da “presso-
logia”6 (LACAN, 1961, p. 351), ou seja, da rapidez de sessões
curtas – mera coincidência com nossos tempos em que reina o
Deus Capital?
Depois de Lacan, em nome de Lacan, e para imitar Lacan, mui-
tos se instalam na prática da fast session, previamente contabi-
lizada, ou seja, padronizada, que muitas vezes somente produ-
zem, com a interrupção do discurso, angústias enlouquecedoras
que desorientam o analisante, porque perdem o sinal de sua
bússola, por não concernir o desejo. O analisante fica então per-
dido, em desespero errático e cai, “fazendo análise”, em uma
6 (lógica na pressa) Hâte en logique.
28 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 19-31, 2017
faz o efeito turbo na experiência analítica. Um efeito vacuus da
função pai, função de enodamento convocada pela causa e, por
isso, a análise não se faz sem risco, não se têm sempre respostas
à altura do nó, ou seja, respostas amarradas de sujeito. Pois, se o
objeto a nasce com o nó, o sujeito é também seu fruto. A função
analítica convoca à fala e ao falo. Quando a função fálica falta,
a resposta pode ser precária, pode emergir truncada: podemos
obter a desorientação, até mesmo o delírio, mas também a reo-
rientação ética na construção de singularidades.
No entanto, como efeito da perda irremediável, gozo irrecupe-
rável, o objeto a, objeto parcial, assim esvaziado e destacado do
corpo como causa, concorrerá com os objetos tamponadores
que mantêm o gozo e o sofrimento nas estruturas clínicas. E
aqui algo importa ressaltar: temos verificado que a avalanche de
mudanças, analíticas e terapêuticas, produzidas em uma análi-
se, metamorfoses reais, não são efeitos necessários da “presso-
logia”6 (LACAN, 1961, p. 351), ou seja, da rapidez de sessões
curtas – mera coincidência com nossos tempos em que reina o
Deus Capital?
Depois de Lacan, em nome de Lacan, e para imitar Lacan, mui-
tos se instalam na prática da fast session, previamente contabi-
lizada, ou seja, padronizada, que muitas vezes somente produ-
zem, com a interrupção do discurso, angústias enlouquecedoras
que desorientam o analisante, porque perdem o sinal de sua
bússola, por não concernir o desejo. O analisante fica então per-
dido, em desespero errático e cai, “fazendo análise”, em uma
6 (lógica na pressa) Hâte en logique.
28 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 19-31, 2017