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Bárbara Guatimosim
zona de gozo. A transformação efetiva em uma análise é bem Vicissitudes do desejo do analista
mais efeitos de um recorte lógico, que não atropela a durabili-
dade crono-lógica dos tempos de ver, compreender e concluir, e
que ainda opera contando com a angústia. Lacan, em “O aturdi-
to”, trabalhando a intervenção analítica, diz-nos dos três pontos
nodais nos quais se concentram os equívocos na enunciação. O
número 3 é “a lógica, sem a qual a interpretação seria imbecil”
(LACAN, 1972, p. 494.) Podemos dizer que a duração, na di-
reção do tratamento, conta com o tempo, mais do que conta o
tempo na quantificação. Porém, um não vai sem o outro. O tem-
po lógico nasce do cronológico, e deste se extrai. A temporalida-
de na análise parte da delimitação de um Cronos – pois o dia, a
noite e a vida são limitados – para deste prescindir. Essa espera
– Erwartung – em um tempo lógico, exerce uma pressão preci-
sa, orientada pela ética desejante, quando o cálculo da angústia
suficiente pode conduzir da assertividade do desejo até ao ato.
Résumé: L’expression “désir du psychanalyste”
a surgi parallèlement à la trajectoire des analyses,
depuis leurs débuts jusqu’à leurs fins. Nous avons
vérifié que la logique et l’éthique de la práxis analy-
tique orientent la direction de ce désir. Si celui-ci
a pour but – du côte de l’analysant – faire surgir
la singularité du sujet, sa “différence absolue”, du
côte de l’analyste, de celui qui soutient l’acte, le
désir s’oriente à partir du signifiant qui suppose
à l’analyste le transfert, vers une cadence comme
rest souhaité. Cependant, nous savons que ce par-
cours peut souffrir des détours. Nous affirmons
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 19-31, 2017 29
zona de gozo. A transformação efetiva em uma análise é bem Vicissitudes do desejo do analista
mais efeitos de um recorte lógico, que não atropela a durabili-
dade crono-lógica dos tempos de ver, compreender e concluir, e
que ainda opera contando com a angústia. Lacan, em “O aturdi-
to”, trabalhando a intervenção analítica, diz-nos dos três pontos
nodais nos quais se concentram os equívocos na enunciação. O
número 3 é “a lógica, sem a qual a interpretação seria imbecil”
(LACAN, 1972, p. 494.) Podemos dizer que a duração, na di-
reção do tratamento, conta com o tempo, mais do que conta o
tempo na quantificação. Porém, um não vai sem o outro. O tem-
po lógico nasce do cronológico, e deste se extrai. A temporalida-
de na análise parte da delimitação de um Cronos – pois o dia, a
noite e a vida são limitados – para deste prescindir. Essa espera
– Erwartung – em um tempo lógico, exerce uma pressão preci-
sa, orientada pela ética desejante, quando o cálculo da angústia
suficiente pode conduzir da assertividade do desejo até ao ato.
Résumé: L’expression “désir du psychanalyste”
a surgi parallèlement à la trajectoire des analyses,
depuis leurs débuts jusqu’à leurs fins. Nous avons
vérifié que la logique et l’éthique de la práxis analy-
tique orientent la direction de ce désir. Si celui-ci
a pour but – du côte de l’analysant – faire surgir
la singularité du sujet, sa “différence absolue”, du
côte de l’analyste, de celui qui soutient l’acte, le
désir s’oriente à partir du signifiant qui suppose
à l’analyste le transfert, vers une cadence comme
rest souhaité. Cependant, nous savons que ce par-
cours peut souffrir des détours. Nous affirmons
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 19-31, 2017 29