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Bárbara Guatimosim
Depois disso, o termo não é mais prescindível e, ao longo Vicissitudes do desejo do analista
de seu ensino, Lacan trabalha, teoriza e opera com a es-
pecificidade desse desejo. Do lugar inicialmente dado por 21
Lacan ao analista, o de SsS, o candidato, ou o pretendente
a psicanalista já sofre o alerta: quem supõe, seja o poder ou
o saber, é o analisante com sua demanda de cura pelo amor
e pelo saber ao Outro suposto. O analista se presta a isso,
banca esse lugar idealizado, suporta a transferência para
poder com esta operar.
Nesse lugar de amado e desejado, o analista será aproxima-
do ao grande ɸ. Lacan, nesse momento de seu ensino, em
“O Seminário 8: a transferência”, precisa que está toman-
do aqui o falo não em suas polaridades de significante sim-
bólico e imaginário, mas como “Símbolo falo, e este talvez
seja, com efeito, o único significante a merecer, em nosso
registro, e de uma maneira absoluta, o título de símbolo”
(LACAN, 1961, p. 234). Não sem antes alertar que: “Este
símbolo nos é indispensável para compreender a incidên-
cia do complexo de castração no que tange a transferência”
(LACAN, 1961, p. 233). “Este lugar do ɸ é o tópos de uma
presença real que não responde”. Lacan esclarece: “Este
símbolo ɸ se define resumidamente como símbolo no lugar
onde se produz a falta de significante” (LACAN, 1961, p.
234). Mas esse lugar de silêncio ainda interroga: Che vuoi?
É diante do “Que queres?” que se revela a falta de signifi-
cante de que se trata em ɸ.
[...] que o analista em sua função tenha o lugar do falo,
o que isso pode querer dizer? É que o falo do Outro, é
precisamente o que encarna, não o desejável, o ερώμενος
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 19-31, 2017
Depois disso, o termo não é mais prescindível e, ao longo Vicissitudes do desejo do analista
de seu ensino, Lacan trabalha, teoriza e opera com a es-
pecificidade desse desejo. Do lugar inicialmente dado por 21
Lacan ao analista, o de SsS, o candidato, ou o pretendente
a psicanalista já sofre o alerta: quem supõe, seja o poder ou
o saber, é o analisante com sua demanda de cura pelo amor
e pelo saber ao Outro suposto. O analista se presta a isso,
banca esse lugar idealizado, suporta a transferência para
poder com esta operar.
Nesse lugar de amado e desejado, o analista será aproxima-
do ao grande ɸ. Lacan, nesse momento de seu ensino, em
“O Seminário 8: a transferência”, precisa que está toman-
do aqui o falo não em suas polaridades de significante sim-
bólico e imaginário, mas como “Símbolo falo, e este talvez
seja, com efeito, o único significante a merecer, em nosso
registro, e de uma maneira absoluta, o título de símbolo”
(LACAN, 1961, p. 234). Não sem antes alertar que: “Este
símbolo nos é indispensável para compreender a incidên-
cia do complexo de castração no que tange a transferência”
(LACAN, 1961, p. 233). “Este lugar do ɸ é o tópos de uma
presença real que não responde”. Lacan esclarece: “Este
símbolo ɸ se define resumidamente como símbolo no lugar
onde se produz a falta de significante” (LACAN, 1961, p.
234). Mas esse lugar de silêncio ainda interroga: Che vuoi?
É diante do “Que queres?” que se revela a falta de signifi-
cante de que se trata em ɸ.
[...] que o analista em sua função tenha o lugar do falo,
o que isso pode querer dizer? É que o falo do Outro, é
precisamente o que encarna, não o desejável, o ερώμενος
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 19-31, 2017