Page 76 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
P. 76
Ex-sistênciaDo máximo de agitação à angústia: um percurso a se construir na análise

Na prática analítica, tem sido frequente a queixa
de sujeitos com impulsividade, desorganização, agitação
e dificuldade de atenção e concentração. Esses sintomas
caracterizam o Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH) conforme o Código Internacional
de Doenças - CID. Esse diagnóstico é massificado pelos
meios de comunicação e usado de forma indiscriminada
principalmente pelo discurso médico e pelo sistema
educacional, excluindo a dimensão de sujeito.

Evidencia-se uma demanda cada vez maior por
tratamentos que visam a eliminar os “sintomas” por meio
de medicações que tentam calar o sujeito que está por trás
da agitação e da desatenção.

Seria importante trabalhar a questão do ato
a partir de uma construção teórica desde Freud. Sônia
Albert (1999) faz uma extensa pesquisa na obra de Freud
e constata que o ato foi designado por diversos termos:
Aktion, Handlung, Akt, Tat e Agierem. Não pretendemos
aqui abordar cada termo detalhadamente, mas apenas
situá-los dentro de uma organização lógica.

O termo Aktion aparece em Freud associado a
dois contextos: o da ação específica e o das ações de repetição.
A ação específica é a resposta do mundo externo, a partir
de certos arranjos do aparelho psíquico, aos estímulos que
advêm do próprio organismo. Ela implica uma relação do
organismo com o mundo, via aparelho psíquico.

A Handlung é a ação específica muito mais
complexa, em que é preciso não somente armazenar energia

76 Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 75-85, 2016
   71   72   73   74   75   76   77   78   79   80   81