Page 78 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Ex-sistênciaDo máximo de agitação à angústia: um percurso a se construir na análise
Após a ação específica, todo ato e toda ação
humana inscrevem-se nas condições morais, que podem
restringir a ação do sujeito ou ainda obrigá-lo a ações
obsessivas que impedem o desejo. A inibição neurótica faz
com que o sujeito ceda sobre o seu desejo, o que o faz agir
sob o domínio da culpa.
É neste contexto da neurose, que Freud inventa
o termo Agieren para designar o momento em que o
sujeito age sem estar lá; somente o Outro inconsciente
está presente. No momento do Agieren, não há sujeito e,
portanto, não há escolha.
A resposta não neurótica à angústia é o ato.
Segundo Lacan (1962-1963), em todo ato há uma dimensão
da angústia. O ato tira a certeza da angústia.
Lacan trabalha, em “O Tempo Lógico e a
Asserção da Certeza Antecipada”, sobre a lógica do ato
numa temporalidade que implica um instante de ver, um
tempo de compreender e um momento de concluir. Como
ressalta Dafunchio (2013), Lacan mostra que a passagem
do tempo de compreender para o momento de concluir
exige um salto do sujeito, um jogo de tudo ou nada, que
não é sem angústia. É uma pressa angustiante, que leva o
sujeito ao ato antes que termine esse processo lógico. Essa
antecipação é uma resposta desejante ao sinal de angústia.
Na neurose, como no caso do obsessivo, ao contrário, o
tempo de compreender é prolongado indefinidamente para
não cometer esse ato desejante. Ele cai numa compulsão à
repetição. São ações de repetição.
78 Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 75-85, 2016
Após a ação específica, todo ato e toda ação
humana inscrevem-se nas condições morais, que podem
restringir a ação do sujeito ou ainda obrigá-lo a ações
obsessivas que impedem o desejo. A inibição neurótica faz
com que o sujeito ceda sobre o seu desejo, o que o faz agir
sob o domínio da culpa.
É neste contexto da neurose, que Freud inventa
o termo Agieren para designar o momento em que o
sujeito age sem estar lá; somente o Outro inconsciente
está presente. No momento do Agieren, não há sujeito e,
portanto, não há escolha.
A resposta não neurótica à angústia é o ato.
Segundo Lacan (1962-1963), em todo ato há uma dimensão
da angústia. O ato tira a certeza da angústia.
Lacan trabalha, em “O Tempo Lógico e a
Asserção da Certeza Antecipada”, sobre a lógica do ato
numa temporalidade que implica um instante de ver, um
tempo de compreender e um momento de concluir. Como
ressalta Dafunchio (2013), Lacan mostra que a passagem
do tempo de compreender para o momento de concluir
exige um salto do sujeito, um jogo de tudo ou nada, que
não é sem angústia. É uma pressa angustiante, que leva o
sujeito ao ato antes que termine esse processo lógico. Essa
antecipação é uma resposta desejante ao sinal de angústia.
Na neurose, como no caso do obsessivo, ao contrário, o
tempo de compreender é prolongado indefinidamente para
não cometer esse ato desejante. Ele cai numa compulsão à
repetição. São ações de repetição.
78 Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 75-85, 2016