Page 80 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Ex-sistênciaDo máximo de agitação à angústia: um percurso a se construir na análise

pelo surgimento da inibição, da linguagem, do ato sexual,
da religião, do ato criador e até das ações de repetição.”
(ALBERTI, 1999, p.54). Isto significa que as ações humanas
são marcadas pelo Outro e se orientam por sua presença e
ausência. São uma resposta à angústia que provém dessa
relação com o Outro. Nesses casos, o sujeito responde com
o máximo de agitação para tentar escapar dos perigos da
pulsão. A angústia é um ponto nodal para a psicanálise,
pois é a partir dela que o sujeito do inconsciente emerge.

Podemos pensar na vertente desejante ou na
vertente do gozo da angústia determinando essas ações.
No caso de uma agitação extrema, estaria mais próxima à
vertente do gozo, que paralisa o sujeito em várias funções. O
fato de ser uma criança agitada não significa que ela esteja se
movimentando. Pelo contrário, vários comprometimentos
motores, intelectuais e emocionais são observados. A
agitação tem a finalidade de mascarar a angústia que
paralisa. Angústia que se coloca ante a presença do objeto
a. Aqui a angústia não é sinal do desejo, mas um gozo no
corpo, que está em disjunção com o desejo.

Lacan afirma no seminário 10 que a angústia se
localiza entre o gozo e desejo e, mesmo se apresentando
como gozo, sabemos que ela é essa dobradiça que permite
passar ao desejo. Assim ele escreve: “Isso é tão certo que
o tempo da angústia não está ausente da constituição
do desejo, mesmo que esse tempo seja elidido, não seja
identificável no concreto” (LACAN, 2005, p.193). No

80 Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 75-85, 2016
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