Page 79 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Marília Pires Botelho e Viviane Gambogi Cardoso Ex-sistência

É frequente, na infância, o sujeito manifestar seu
mal-estar por meio de atuações que perturbam o ambiente
ao seu redor, assim como seus laços e funções.

Essas atuações podem ser vistas como encenações
insistentes do sintoma endereçado ao Outro, sem que o
sujeito tenha consciência imediata do que representam
para ele próprio. São expressão do real no corpo.
(SANTIAGO, 2013, p.80)

Ou seja, o sujeito é agido por seu gozo e fica
aprisionado por pontos de fixação que o impedem de
exercer plenamente suas funções.

Por meio do nó borromeano, podemos visualizar,
nessas atuações, como o gozo do Outro invade o corpo sem
que a angústia possa fazer uma barreira de contenção.

Na adolescência, há também uma tendência a
agir. Agir sem pensar, que pode ser efeito tanto da alienação
quanto da separação. Alguns agem para dar conta de lidar
com a invasão do campo do Outro. Outros, para romper o
laço com tudo o que os determina no Outro, no inconsciente.
Cada sujeito é determinado a agir por questões diferentes.
Por isso, as respostas para lidar com essas questões não
podem ser generalizadas. O uso abusivo da medicação,
para controlar essas atuações, contribui para disseminar o
diagnóstico de TDAH e buscar resultados padronizados.

Como podemos situar esse máximo de agitação,
a partir da lógica do conceito de ato? Vimos que as
primeiras experiências psíquicas do homem inauguram
um campo ético. Essa “implicação ética será a responsável

Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 75-85, 2016 79
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