Page 81 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Marília Pires Botelho e Viviane Gambogi Cardoso

tratamento, é importante uma manobra do analista para Ex-sistência
dosar a angústia.
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Freud construiu o conceito de angústia pouco a
pouco, talvez pela exigência de sua escuta clínica. Ao lon-
go do período que vai de 1892 a 1932, várias conclusões
importantes foram elaboradas e algumas retificadas. Nesse
percurso, fica evidente que a angústia é o problema funda-
mental das neuroses.

Em seu texto Inibição, Sintoma e Angústia
(1926) - texto fundamental para a compreensão da clínica
- vemos que toda a estrutura neurótica é uma resposta à
angústia. Os fenômenos clínicos, inibição e sintoma, são
respostas que o sujeito neurótico dá para a sua angústia.

O sujeito se defende da angústia na inibição, evi-
tando o seu desencadeamento por meio do impedimento
de uma função. A inibição parte do eu e seus efeitos pro-
duzem certa limitação no funcionamento do eu, deixando
o sujeito paralisado. Freud assinala ainda que a inibição
pode ser localizada ou generalizada. Deixa-nos uma pista
bastante clínica ao afirmar que, quando a inibição chega
a se generalizar, teremos o fenômeno da depressão e da
melancolia.

Freud trabalha a angústia sob dois aspectos: a
angústia como um sinal de castração, apontada como sendo
o núcleo das neuroses, que é operada pelo eu, que faz algo
para evitar o seu desenvolvimento; e a angústia maciça, que
não funciona como sinal de castração. Esta última perde os
laços com o eu e a castração e se manifesta como angústia

Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 75-85, 2016
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