Page 60 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Sobre a consistência.Inibição, sintoma e angústia: enodamento borromeano
Por meio do Estádio do Espelho, Lacan (1949)
constrói uma teoria da formação da função do eu a partir
de um aspecto instantâneo da imagem, de uma identificação
que produz uma transformação no sujeito, momento jubila-
tório que constitui a matriz simbólica da constituição subje-
tiva. Avança quando nos apresenta o esquema ótico criando
aí o furo, o vazio (-φ), ou seja, aquilo que acontece no lado
esquerdo não necessariamente se reproduz do lado direito,
existe uma assimetria. O sujeito responderia a essa assime-
tria com inibição, sintoma e angústia. Lacan, a partir do va-
zio e da falta, constrói o conceito do objeto a e da angústia.
Interessante ressaltar que essa operação
de unificação do corpo Real, ou seja, organização do
caos pulsional do corpo em uma unidade, não se dá
naturalmente, não depende apenas da presença de um
espelho. É preciso que esse espelho possa encarnar uma
dimensão simbólica que vai se constituir a partir do olhar
do Outro. O júbilo aparece no momento em que o Outro
lhe confirma. Podemos pensar que, nesse momento inicial
de constituição psíquica do sujeito, houve um enodamento
entre o Real do corpo, Imaginário do corpo e Simbólico,
que faz a mediação entre os outros dois.
No momento de constituição de uma imagem de
a - i(a)- que suporta o eu(m) fica marcada a pretensão do
sujeito de construir uma imagem perfeita, ideal – eu ideal,
que possa responder ao olhar do Outro. Mas, na realidade,
essa imagem apenas circunda a falta, o não especularizável,
ou seja, o a.
60 Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 59-65, 2016
Por meio do Estádio do Espelho, Lacan (1949)
constrói uma teoria da formação da função do eu a partir
de um aspecto instantâneo da imagem, de uma identificação
que produz uma transformação no sujeito, momento jubila-
tório que constitui a matriz simbólica da constituição subje-
tiva. Avança quando nos apresenta o esquema ótico criando
aí o furo, o vazio (-φ), ou seja, aquilo que acontece no lado
esquerdo não necessariamente se reproduz do lado direito,
existe uma assimetria. O sujeito responderia a essa assime-
tria com inibição, sintoma e angústia. Lacan, a partir do va-
zio e da falta, constrói o conceito do objeto a e da angústia.
Interessante ressaltar que essa operação
de unificação do corpo Real, ou seja, organização do
caos pulsional do corpo em uma unidade, não se dá
naturalmente, não depende apenas da presença de um
espelho. É preciso que esse espelho possa encarnar uma
dimensão simbólica que vai se constituir a partir do olhar
do Outro. O júbilo aparece no momento em que o Outro
lhe confirma. Podemos pensar que, nesse momento inicial
de constituição psíquica do sujeito, houve um enodamento
entre o Real do corpo, Imaginário do corpo e Simbólico,
que faz a mediação entre os outros dois.
No momento de constituição de uma imagem de
a - i(a)- que suporta o eu(m) fica marcada a pretensão do
sujeito de construir uma imagem perfeita, ideal – eu ideal,
que possa responder ao olhar do Outro. Mas, na realidade,
essa imagem apenas circunda a falta, o não especularizável,
ou seja, o a.
60 Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 59-65, 2016