Page 61 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
P. 61
Maria Luiza Bassi
Através do i(a) fica marcada a impossibilidade Sobre a consistência.
de uma imagem perfeita, de uma resposta perfeita, de uma
relação toda. Dessa forma, como a questão sobre o olhar e o 61
desejo do Outro permanece, é preciso tentar uma resposta
por uma via que não a imagem especular.
Que queres de mim? Numa tentativa de
responder à demanda do Outro, diante da possibilidade
de ser castrado ou não ser amado, o sujeito se angustia e
constrói o fantasma (S◊a)
O fragmento clínico de uma menina de 15 anos
diz da resposta do sujeito frente a uma experiência de real,
em que a angústia toma o corpo, inibe a função motora de
caminhar e produz um sintoma. Segundo ela, certo dia
estava na escola e sentiu um mal-estar súbito, acompanhado
de falta de ar e, a partir daí, não conseguiu mais andar.
Foi internada em um hospital, onde foi realizada extensa
investigação diagnóstica, com a conclusão de que seria um
“transtorno somatoforme não especificado”. (F45.9).
Em uma das sessões, a menina revela um
incidente familiar no qual a mãe se depara com algo
inesperado no comportamento da filha, algo divergente
daquilo que esperava da menina.
Selecionei um pequeno fragmento em que a
menina me mostra seu “livro de cabeceira” e cita o trecho
preferido “Então essa é minha vida. E quero que você
saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e estou tentando
entender como posso ser assim”. Uma questão endereçada
“tentando entender?” marca para a menina o ponto de
Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 59-65, 2016
Através do i(a) fica marcada a impossibilidade Sobre a consistência.
de uma imagem perfeita, de uma resposta perfeita, de uma
relação toda. Dessa forma, como a questão sobre o olhar e o 61
desejo do Outro permanece, é preciso tentar uma resposta
por uma via que não a imagem especular.
Que queres de mim? Numa tentativa de
responder à demanda do Outro, diante da possibilidade
de ser castrado ou não ser amado, o sujeito se angustia e
constrói o fantasma (S◊a)
O fragmento clínico de uma menina de 15 anos
diz da resposta do sujeito frente a uma experiência de real,
em que a angústia toma o corpo, inibe a função motora de
caminhar e produz um sintoma. Segundo ela, certo dia
estava na escola e sentiu um mal-estar súbito, acompanhado
de falta de ar e, a partir daí, não conseguiu mais andar.
Foi internada em um hospital, onde foi realizada extensa
investigação diagnóstica, com a conclusão de que seria um
“transtorno somatoforme não especificado”. (F45.9).
Em uma das sessões, a menina revela um
incidente familiar no qual a mãe se depara com algo
inesperado no comportamento da filha, algo divergente
daquilo que esperava da menina.
Selecionei um pequeno fragmento em que a
menina me mostra seu “livro de cabeceira” e cita o trecho
preferido “Então essa é minha vida. E quero que você
saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e estou tentando
entender como posso ser assim”. Uma questão endereçada
“tentando entender?” marca para a menina o ponto de
Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 59-65, 2016