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Crasso Campanha Parente Desejo do analista: recurso frente à resistência na transferência
Ao entrar em processo de análise, o analisando sofre efeito
das mudanças subjetivas produzidas do discurso do analis-
ta. São mudanças que permitem que o analisando se impli-
que com suas questões sintomáticas, retificação subjetiva.
Como efeito, há um giro de um quarto de volta no discur-
so do mestre e ocorre a histericização do seu discurso. No
discurso da histérica, o sujeito (S), que antes estava sob a
barra do recalque, passa a se posicionar como agente desse
discurso. Acima da barra do recalque, no lugar de semblan-
te, o sujeito endereça ao mestre (S1) as suas questões, e
o que se produz são significantes S2 sob a barra do recal-
que. Quando um significante qualquer (S2) é escutado e
pontuado pelo analista, ele se torna um significante mes-
tre para aquele sujeito. Ao ouvir esse significante mestre, o
analista opera o ato analítico utilizando-se do discurso do
analista e promove mais um giro no discurso. Ele se uti-
liza do equívoco para extrair do significante mestre a so-
noridade de lalangue, fazendo uma operação lógica que é
pura torção de voz. Essa operação desloca o S2 para o lugar
da verdade e produz um S1 desarticulado de S2. O que se
produz é um efeito de letra no inconsciente, deixando pa-
recer uma inscrição que é marca de gozo na escrita real da
estrutura, o Um do real. O que se produz nesse ato é per-
da de gozo e de sentido, fazendo surgir o recalcado (S1),
operação de separação. Em “O Seminário 23: o sinthoma”,
Lacan (1975-1976) diz que o analista em seu ato divide o
S2 em significante do simbólico e significante do sintoma
(S1), que permite extrair o gozo do sentido, fazendo apa-
recer a verdade do sujeito, o significante recalcado. Essa é
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 41-49, 2017 43
Ao entrar em processo de análise, o analisando sofre efeito
das mudanças subjetivas produzidas do discurso do analis-
ta. São mudanças que permitem que o analisando se impli-
que com suas questões sintomáticas, retificação subjetiva.
Como efeito, há um giro de um quarto de volta no discur-
so do mestre e ocorre a histericização do seu discurso. No
discurso da histérica, o sujeito (S), que antes estava sob a
barra do recalque, passa a se posicionar como agente desse
discurso. Acima da barra do recalque, no lugar de semblan-
te, o sujeito endereça ao mestre (S1) as suas questões, e
o que se produz são significantes S2 sob a barra do recal-
que. Quando um significante qualquer (S2) é escutado e
pontuado pelo analista, ele se torna um significante mes-
tre para aquele sujeito. Ao ouvir esse significante mestre, o
analista opera o ato analítico utilizando-se do discurso do
analista e promove mais um giro no discurso. Ele se uti-
liza do equívoco para extrair do significante mestre a so-
noridade de lalangue, fazendo uma operação lógica que é
pura torção de voz. Essa operação desloca o S2 para o lugar
da verdade e produz um S1 desarticulado de S2. O que se
produz é um efeito de letra no inconsciente, deixando pa-
recer uma inscrição que é marca de gozo na escrita real da
estrutura, o Um do real. O que se produz nesse ato é per-
da de gozo e de sentido, fazendo surgir o recalcado (S1),
operação de separação. Em “O Seminário 23: o sinthoma”,
Lacan (1975-1976) diz que o analista em seu ato divide o
S2 em significante do simbólico e significante do sintoma
(S1), que permite extrair o gozo do sentido, fazendo apa-
recer a verdade do sujeito, o significante recalcado. Essa é
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 41-49, 2017 43