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Crasso Campanha Parente Desejo do analista: recurso frente à resistência na transferência
desejo é o eixo, o pivô, o cabo, o martelo, graças ao qual
se aplica o elemento-força, a inércia, que há por trás do
que se formula primeiro, no discurso do paciente, como
demanda, isto é, a transferência. O eixo, o ponto comum
desse duplo machado, é o desejo do analista, que eu de-
signo aqui como uma função essencial. E que não me
digam que, esse desejo, eu não o nomeio, pois é preci-
samente um ponto que só é articulável pela relação do
desejo ao desejo (LACAN, 1964, p. 222).
O desejo do sujeito se constitui a partir do desejo do Ou-
tro. O desejo está ligado às fantasias inconscientes, que são
reproduzidas na cena analítica na transferência. Devemos
lembrar que Lacan produziu um matema para a fantasia
(S<>a), que opera a relação do sujeito com o objeto. O
fantasma do analisando é construído em análise. É no tra-
jeto da pulsão em torno do objeto a que o desejo do analista
permite operar nessa construção fantasmática. O desejo do
analista não é um desejo qualquer, é um desejo que se de-
pura no trajeto de uma análise.
O desejo do analista não é um desejo puro. É um de- 45
sejo de obter a diferença absoluta, aquela que intervém
quando, confrontado com o significante primordial, o
sujeito vem, pela primeira vez, à posição de se assujeitar
a ele. Só aí pode surgir a significação de um amor sem
limite, porque fora dos limites da lei, somente onde ele
pode viver (LACAN, 1964, p. 260).
Na posição de escuta, o analista faz borda, contornando o
objeto voz e sustentando o desejo do desejo do Outro que
aparece na associação livre, produzindo um despertar do
desejo. Esse desejo do analista não está condicionado ao
desejo do Outro, ele surge quando esse Outro perdeu a sua
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 41-49, 2017
desejo é o eixo, o pivô, o cabo, o martelo, graças ao qual
se aplica o elemento-força, a inércia, que há por trás do
que se formula primeiro, no discurso do paciente, como
demanda, isto é, a transferência. O eixo, o ponto comum
desse duplo machado, é o desejo do analista, que eu de-
signo aqui como uma função essencial. E que não me
digam que, esse desejo, eu não o nomeio, pois é preci-
samente um ponto que só é articulável pela relação do
desejo ao desejo (LACAN, 1964, p. 222).
O desejo do sujeito se constitui a partir do desejo do Ou-
tro. O desejo está ligado às fantasias inconscientes, que são
reproduzidas na cena analítica na transferência. Devemos
lembrar que Lacan produziu um matema para a fantasia
(S<>a), que opera a relação do sujeito com o objeto. O
fantasma do analisando é construído em análise. É no tra-
jeto da pulsão em torno do objeto a que o desejo do analista
permite operar nessa construção fantasmática. O desejo do
analista não é um desejo qualquer, é um desejo que se de-
pura no trajeto de uma análise.
O desejo do analista não é um desejo puro. É um de- 45
sejo de obter a diferença absoluta, aquela que intervém
quando, confrontado com o significante primordial, o
sujeito vem, pela primeira vez, à posição de se assujeitar
a ele. Só aí pode surgir a significação de um amor sem
limite, porque fora dos limites da lei, somente onde ele
pode viver (LACAN, 1964, p. 260).
Na posição de escuta, o analista faz borda, contornando o
objeto voz e sustentando o desejo do desejo do Outro que
aparece na associação livre, produzindo um despertar do
desejo. Esse desejo do analista não está condicionado ao
desejo do Outro, ele surge quando esse Outro perdeu a sua
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 41-49, 2017