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Crasso Campanha Parente Desejo do analista: recurso frente à resistência na transferência

dida em que seria exigido dele ter precisamente atraves-
sado em sua totalidade o ciclo da experiência analítica
(LACAN, 1964, p. 258).

A experiência analítica é sustentada no discurso do
analista, que tem como produto o S1, rastro, marcas de
gozo onde precipita lalangue, o Um do real. O analista na
posição de semblante de objeto a se endereça ao sujeito do
inconsciente (S), trazendo para sobre a barra do recalque
o fantasma de forma invertida ( a gS ) , que aponta para o
sujeito, permitindo que o saber inconsciente (S2) ocupe
o lugar da verdade. Tendo como produto o significante
primordial S1, que é desarticulado do sentido, que é do
campo do real. Essa é a escrita binária do inconsciente real,
objeto a, e o significante Um (0 e 1), que se articula pelo
equívoco. Por isso, Lacan (1974) diz em “A Terceira” que
o objeto a é homólogo de S1. Em “Angústia e o desejo do
Outro”, Rabinovich (2005) diz que tanto o objeto a quanto
o S1 (o número 1) estão no campo do real, mas com uma
diferença, o objeto a é real que está para sempre perdido,
mas o Um é o que ordena a cadeia do simbólico. “O
significante primordial que é puro não senso, ele se torna
portador da infinitização do valor do sujeito, de modo algum
aberto a todos os sentidos, mas abolindo todos” (LACAN,
1964, p. 238).

Ao extrair esse significante primordial que diz da verdade
do sintoma desse sujeito, pelas intervenções do analista, o
sujeito é libertado do assujeitamento a esse significante.

Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 41-49, 2017 47
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