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As formações do inconsciente e o desejo do analistaTopologia e desejo do analista: vicissitudes
O que o analista pode oferecer ao sujeito que demanda cura
é a possibilidade de passar do circuito da relação imaginá-
ria da identificação para o circuito que Lacan circunscre-
veu no grafo do desejo, circuito da dimensão propriamente
do discurso.
E para que o desejo apareça nesse Outro, o vazio estru-
tural desse Outro histórico do paciente, o analista precisa
esvaziar o lugar de seu próprio desejo como sujeito do in-
consciente. O psicanalista deve oferecer um vazio, deixar
aberta, na sua subjetividade, essa hiância do desejo que é
um vazio, um entre dois, pois não se trata de que o analista
opere como um S barrado, mas que deixe aberta a hiância
do desejo do Outro.
O analista escuta na fala do sujeito o que ele não pede e
nem pode pedir, o que ele deseja, o seu gozo, o pulsional
que está em jogo e, através dessa escuta, o analista visa des-
locar o sujeito da posição na qual tinha certeza sobre o ob-
jeto.
Lacan reconhece nisso o encontro, na experiência analíti-
ca de cada sujeito, com o objeto; este é, ao mesmo tempo,
causa do dizer, causa do desejo e resto, isto é, um impos-
sível de dizer. Encontro, portanto, com um real, encontro
revelador de um fato de estrutura.
A partir desse encontro com o real é que surge um signifi-
cante novo, que marca a introdução do desejo em posição
de objeto a, causa de desejo, em que o desejável é ser de-
sejado e, portanto, o desejo não se esgota nas categorias do
38 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 33-40, 2017
O que o analista pode oferecer ao sujeito que demanda cura
é a possibilidade de passar do circuito da relação imaginá-
ria da identificação para o circuito que Lacan circunscre-
veu no grafo do desejo, circuito da dimensão propriamente
do discurso.
E para que o desejo apareça nesse Outro, o vazio estru-
tural desse Outro histórico do paciente, o analista precisa
esvaziar o lugar de seu próprio desejo como sujeito do in-
consciente. O psicanalista deve oferecer um vazio, deixar
aberta, na sua subjetividade, essa hiância do desejo que é
um vazio, um entre dois, pois não se trata de que o analista
opere como um S barrado, mas que deixe aberta a hiância
do desejo do Outro.
O analista escuta na fala do sujeito o que ele não pede e
nem pode pedir, o que ele deseja, o seu gozo, o pulsional
que está em jogo e, através dessa escuta, o analista visa des-
locar o sujeito da posição na qual tinha certeza sobre o ob-
jeto.
Lacan reconhece nisso o encontro, na experiência analíti-
ca de cada sujeito, com o objeto; este é, ao mesmo tempo,
causa do dizer, causa do desejo e resto, isto é, um impos-
sível de dizer. Encontro, portanto, com um real, encontro
revelador de um fato de estrutura.
A partir desse encontro com o real é que surge um signifi-
cante novo, que marca a introdução do desejo em posição
de objeto a, causa de desejo, em que o desejável é ser de-
sejado e, portanto, o desejo não se esgota nas categorias do
38 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 33-40, 2017