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Desejo do analista: recurso frente à resistência na transferênciaTopologia e desejo do analista: vicissitudes

uma operação lógica que aponta para o real da estrutura,
mantém o furo do nó borromeano.

O discurso do analista é aquele sustentado na experiência
analítica pelo analista. O analista que na transferência é co-
locado no lugar do A, do SsS, passa a operar como pivô do
processo analítico. Mas, se o analista responde desse lugar
de A, o efeito será a alienação do sujeito e a resistência ao
tratamento, impedindo a associação livre. Por isso, Lacan
diz que a resistência é do analista.

Para romper a resistência e para operar o discurso do ana-
lista, o analista busca sustentar posição de semblante de
objeto a, de objeto causa de desejo. Essa era a posição de
Sócrates.

Esse objeto paradoxal, único, especificado, que chama-
mos objeto a – retomá-lo seria repisá-lo. Mas eu o presen-
tifico para vocês de modo mais sincopado, sublinhando
que o analisando diz em suma a seu parceiro, ao analista
– Eu te amo, mas, porque inexplicavelmente amo em ti
algo que é mais do que tu – o objeto a minúsculo, eu te
mutilo (LACAN, 1964, p. 254).

Mas, como é possível sustentar a posição de objeto causa
de desejo? Lacan responde que o analista opera o trata-
mento portando o desejo do analista, eixo que permite a
torção e sustenta o seu discurso.

É nesse ponto de encontro que o analista é esperado. En-
quanto o analista é suposto saber, ele é suposto saber
também partir ao encontro do desejo inconsciente [...] o

44 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 41-49, 2017
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