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Desejo do analista: recurso frente à resistência na transferênciaTopologia e desejo do analista: vicissitudes
consistência, e o sujeito é liberado da condenação à identi-
ficação, sendo possível suportar a posição de semblante de
objeto. Para Lacan, o que dá ao analista o balizamento ne-
cessário ao manejo da transferência na clínica é o desejo do
analista, conceito que tem uma função eminentemente clí-
nica. É sustentando desejo do analista que o analista rompe
suas resistências e permite que o sujeito em transferência
continue seu processo de análise com perda de gozo.
É na medida em que o desejo do analista, que resta um x,
tende para um sentido exatamente contrário à identifica-
ção, que a travessia do plano da identificação é possível,
pelo intermédio da separação do sujeito na experiência.
A experiência do sujeito é assim reconduzida ao plano
onde se pode presentificar, da realidade do inconsciente,
a pulsão (LACAN, 1964, p. 259).
É contornando o objeto a que o sujeito se articula com o
Outro, enquanto estrangeiro. É como se esse “objeto a”
indicasse o furo no campo da linguagem, uma impossibi-
lidade que revela que esse campo do Outro não é todo sig-
nificável. Ele denuncia a falta de um significante no Outro
(SA).
É para além da função do a que a curva se fecha, lá onde
ela jamais é dita, concernente à saída da análise. A saber,
depois da distinção do sujeito em relação ao a, a expe-
riência da fantasia fundamental se torna a pulsão. O que
se torna então aquele que passou pela experiência dessa
relação opaca na origem, à pulsão? Como, um sineiro
que atravessou a fantasia radical, pode viver a pulsão?
Isto é mais além da análise, e jamais foi abordado. Isto só
é, até o presente, abordável, no nível do analista, na me-
46 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 41-49, 2017
consistência, e o sujeito é liberado da condenação à identi-
ficação, sendo possível suportar a posição de semblante de
objeto. Para Lacan, o que dá ao analista o balizamento ne-
cessário ao manejo da transferência na clínica é o desejo do
analista, conceito que tem uma função eminentemente clí-
nica. É sustentando desejo do analista que o analista rompe
suas resistências e permite que o sujeito em transferência
continue seu processo de análise com perda de gozo.
É na medida em que o desejo do analista, que resta um x,
tende para um sentido exatamente contrário à identifica-
ção, que a travessia do plano da identificação é possível,
pelo intermédio da separação do sujeito na experiência.
A experiência do sujeito é assim reconduzida ao plano
onde se pode presentificar, da realidade do inconsciente,
a pulsão (LACAN, 1964, p. 259).
É contornando o objeto a que o sujeito se articula com o
Outro, enquanto estrangeiro. É como se esse “objeto a”
indicasse o furo no campo da linguagem, uma impossibi-
lidade que revela que esse campo do Outro não é todo sig-
nificável. Ele denuncia a falta de um significante no Outro
(SA).
É para além da função do a que a curva se fecha, lá onde
ela jamais é dita, concernente à saída da análise. A saber,
depois da distinção do sujeito em relação ao a, a expe-
riência da fantasia fundamental se torna a pulsão. O que
se torna então aquele que passou pela experiência dessa
relação opaca na origem, à pulsão? Como, um sineiro
que atravessou a fantasia radical, pode viver a pulsão?
Isto é mais além da análise, e jamais foi abordado. Isto só
é, até o presente, abordável, no nível do analista, na me-
46 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 41-49, 2017