Page 83 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
P. 83
Marília Pires Botelho e Viviane Gambogi Cardoso

É criado para evitar uma situação de perigo cuja presença Ex-sistência
foi assinalada pelo sinal de angústia. O perigo é o perigo
da castração ou de algo que remonta à castração. Vale 83
assinalar: o perigo é perigo de a castração faltar. Nas
mulheres, diz Freud, a poética da castração aparece
nas vestes da ‘angústia da perda do amor do objeto’
(FERREIRA, 2011,p. 56).

É a angustia diante desta possibilidade de perda
de amor do objeto que toca o corpo de uma mulher, pois
nela, que já está castrada desde o início, a ameaça de
castração não é Real.

Em nossa prática, muitas vezes, a demanda de
análise origina-se de uma queixa do Outro e o sintoma é
algo a ser construído pelo sujeito. A ciência, ao nomear
o mal-estar tentando universalizar as respostas diante da
manifestação do real, oferece uma identificação ao sujeito,
obturando-lhe a possibilidade de inventar seu próprio
sintoma. Mas é o sintoma que introduz a falha no Real,
apontando aquilo que não funciona no Real.

Quando Lacan (1974-1975) trabalha o nó borro-
meano em R.S.I, ele propõe, numa perspectiva estrutural,
que cada um dos três registros seja uma forma de nomi-
nação, e que esses nomes que constituem a estrutura do
ser falante sejam: Inibição, Sintoma e Angústia. A nomina-
ção tem uma função de enodamento, de enlaçamento. Ele
afirma que “A nominação é a única coisa de que estejamos
certos fazer buraco”, (LACAN,1975, p.65).

A Inibição é a nominação do Imaginário, que
coloca um impedimento ao desdobramento infinito da

Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 75-85, 2016
   78   79   80   81   82   83   84   85   86   87   88