Page 43 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Thales Siqueira de Carvalho Sobre a consistência.

Este convidado de especial estima ao psicanalista pode
fazer toda diferença no desenrolar da festa. Depende de
como o analista irá recebê-lo, se vai escutá-lo, onde irá
assentá-lo e de que irá servi-lo. No banquete, de Platão, o
pequeno apressado se antecipou sem ser convidado, mas
precisou que o primeiro protótipo de psicanalista fizesse
o papel de anfitrião e logo lhe oferecesse uma colocação.
De forma moëbiana, o desejo e o gozo se apresentaram
no enamoramento de Alcibíades, mas coube àquele da
escuta do real, dar o devido lugar ao fantasma e apontar um
escoamento do gozo. Este da Ágora e o outro da Seleção,
dois Sócrates que sabiam muito bem driblar uma demanda
e estrategicamente transformar o gozo em ‘golzo’.

Sejamos bons anfitriões do objeto a! No
trânsito dos significantes, deem passagem a este pequeno
apressado! Esta foi a tolice de Lacan, ao retomar a tolice
de Freud: ambos colaram no saber do real, na escuta não
foram tapados, e, no final das contas, causados como bons
e atenciosos anfitriões, não erraram!

Abstract: Every crisis is economic, whether the 43
state or the subject. Knowing how to read the
knowledge in the real is a direction in times of
crisis. A feeling of a patient returns us to the rigor
in knowledge in the real. A hearing of enunciation
and not reasoning than listening. Not that listening
is irrational , but the reasoning here is from ‘an
another scene’. When we listen to this subject’s

Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 37-45, 2016
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