Page 42 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Sobre a consistência.A lógica do pressentimento
momento de concluir advém de uma tensão temporal, via
pela qual, um sujeito se antecipa ‘de cabeça’. Anúncio de
uma possibilidade de corte, no presente, frente ao gozo
pré-sentido. Conforme Lacan, no seminário Encore, “a
função da pressa (hâte) é a função desse pequeno a, desse
pequeno h(a)té” (LACAN, 2005, p.120). Manifestação
deste saber do real, onde o a se apressa em se apresentar,
terreno propício para que o convidemos a se colocar. O
analista precisa ser este anfitrião atento, que não somente
convida o objeto a para se apresentar, mas logo, sem
hesitar, ajeita um bom lugar para esse pequeno apressado
participar. Um lugar estratégico para poder entrar na roda
e se enodar, sem a obrigação de ter que se comportar.
Existe um chamado de Lacan para que sejamos
tolos (dupes) do real, ou tributários da “boa tolice, aquela que
não erra” (LACAN, 1973-1974, lição 3). Uma convocação
para nos permitirmos sermos guiados pelo pré-sentimento
apressado, que insiste em se fazer presente, mesmo
quando não é convidado. Uma conclusão, uma certeza
antecipada de corte. Uma bússola do ato analítico, e uma
direção de corte para o analisando em meio ao engodo do
enamoramento no fantasma.
Escutar o pressentimento de uma mulher pode
nos ensinar antecipar e não perder o time de, com o objeto
a, poder manejar. O pequeno apressado [h(a)té] está por
aí, queiram ou não, ele vai se antecipar à festinha neurótica
de cada dia. Ele vai antecipar-se ao gozo e apontar um
corte, inclusive pela via do corriqueiro “pressentimento”.
42 Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 37-45, 2016
momento de concluir advém de uma tensão temporal, via
pela qual, um sujeito se antecipa ‘de cabeça’. Anúncio de
uma possibilidade de corte, no presente, frente ao gozo
pré-sentido. Conforme Lacan, no seminário Encore, “a
função da pressa (hâte) é a função desse pequeno a, desse
pequeno h(a)té” (LACAN, 2005, p.120). Manifestação
deste saber do real, onde o a se apressa em se apresentar,
terreno propício para que o convidemos a se colocar. O
analista precisa ser este anfitrião atento, que não somente
convida o objeto a para se apresentar, mas logo, sem
hesitar, ajeita um bom lugar para esse pequeno apressado
participar. Um lugar estratégico para poder entrar na roda
e se enodar, sem a obrigação de ter que se comportar.
Existe um chamado de Lacan para que sejamos
tolos (dupes) do real, ou tributários da “boa tolice, aquela que
não erra” (LACAN, 1973-1974, lição 3). Uma convocação
para nos permitirmos sermos guiados pelo pré-sentimento
apressado, que insiste em se fazer presente, mesmo
quando não é convidado. Uma conclusão, uma certeza
antecipada de corte. Uma bússola do ato analítico, e uma
direção de corte para o analisando em meio ao engodo do
enamoramento no fantasma.
Escutar o pressentimento de uma mulher pode
nos ensinar antecipar e não perder o time de, com o objeto
a, poder manejar. O pequeno apressado [h(a)té] está por
aí, queiram ou não, ele vai se antecipar à festinha neurótica
de cada dia. Ele vai antecipar-se ao gozo e apontar um
corte, inclusive pela via do corriqueiro “pressentimento”.
42 Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 37-45, 2016