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Ana Maria Fabrino Favato
falhar masculina, de fracassar a relação sexual é sua única
forma de realização, já que a relação sexual não existe. Se
por um lado a relação sexual não existe, se ela “não cessa de
não se escrever” ou se escreve como impossível, a precisão
da função fálica a faz funcionar no regime do encontro
fortuito, “contingente”.
Freud justifica a impotência psíquica como
condição geral da civilização e não uma perturbação
restrita a alguns indivíduos; para as mulheres sugere
a frigidez feminina (FREUD, v. XI, 1970a, p. 167). Ele
é preciso ao abordar o tabu da virgindade naquilo que
também impõe de fracasso à relação sexual. O homem,
diz ele, teme ser enfraquecido pela mulher e contaminado angústia, nominação real
por sua feminilidade. Ela é considerada fonte de perigo, o
que acaba por torná-lo incapaz e afastá-lo de sua potência
(FREUD, v. XI, 1970a, p.184). A mulher, por seu turno,
repudia o homem responsável pelo primeiro ato sexual,
o que concorre para que seja alvo de sua agressividade e
frigidez. O substancial da relação sexual é a falha, assim
como a essência do objeto é o fracasso.
Lacan reforça que é apenas do lado homem que
encontramos o parceiro amoroso como objeto a, que en-
contramos no lugar do Real, o fantasma. A esse ser falante
situado do lado homem não é dado alcançar o parceiro que
é o Outro a não ser pela sua realidade fantasmática. O a,
para o homem, é a tentativa de acesso ao Outro (LACAN,
2005, p. 197). E o que fica do lado mulher? Do outro lado,
Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 11-21, 2015 17
falhar masculina, de fracassar a relação sexual é sua única
forma de realização, já que a relação sexual não existe. Se
por um lado a relação sexual não existe, se ela “não cessa de
não se escrever” ou se escreve como impossível, a precisão
da função fálica a faz funcionar no regime do encontro
fortuito, “contingente”.
Freud justifica a impotência psíquica como
condição geral da civilização e não uma perturbação
restrita a alguns indivíduos; para as mulheres sugere
a frigidez feminina (FREUD, v. XI, 1970a, p. 167). Ele
é preciso ao abordar o tabu da virgindade naquilo que
também impõe de fracasso à relação sexual. O homem,
diz ele, teme ser enfraquecido pela mulher e contaminado angústia, nominação real
por sua feminilidade. Ela é considerada fonte de perigo, o
que acaba por torná-lo incapaz e afastá-lo de sua potência
(FREUD, v. XI, 1970a, p.184). A mulher, por seu turno,
repudia o homem responsável pelo primeiro ato sexual,
o que concorre para que seja alvo de sua agressividade e
frigidez. O substancial da relação sexual é a falha, assim
como a essência do objeto é o fracasso.
Lacan reforça que é apenas do lado homem que
encontramos o parceiro amoroso como objeto a, que en-
contramos no lugar do Real, o fantasma. A esse ser falante
situado do lado homem não é dado alcançar o parceiro que
é o Outro a não ser pela sua realidade fantasmática. O a,
para o homem, é a tentativa de acesso ao Outro (LACAN,
2005, p. 197). E o que fica do lado mulher? Do outro lado,
Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 11-21, 2015 17