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Ana Maria Fabrino Favato

O quadro que Lacan traz no Seminário 10 sobre

a inibição, sintoma e angústia lembra-nos que encontramos

na vertente da dificuldade um caminho que começa com

a inibição, passa pelo impedimento e chega ao embaraço.

Na vertente do movimento, o que segue à inibição é uma

reação catastrófica de lançar-se para fora do movimento,

uma desagregação do movimento que culmina com a queda

da potência (LACAN, 2005, p. 20-21).

Em virtude do fracasso constantemente

repetido, Freud observa que os homens tendem a fazer

uma “conexão falsa” entre a lembrança da primeira vez

e a presença de uma angústia perturbadora, embora

possam aplicar à primeira ocasião em si uma impressão angústia, nominação real

“acidental”. Existem realmente impressões penosas

acidentais relacionadas à atividade sexual infantil e fatores

que reduzem a libido que se dirige ao objeto sexual

feminino. Dentre as impressões penosas Freud cita as

ideias relacionadas a uma fixação incestuosa na mãe ou na

irmã que, embora nunca superadas, são inibidas e afastadas

da consciência. Mas o fracasso, via de regra, quando advém

é vivido como acaso, um acidente, uma contingência, e só

depois, pela repetição da falha, a queda da potência ganha

estatuto de angústia (FREUD, v. XI, 1970a, p.163-164).

Naquilo que repete como “por acidente”

mantém-se um saber inconsciente, mesmo que este escape

ao sujeito. Lacan verifica que o acaso é uma maneira de

não admitir o determinismo do encontro programado

Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 11-21, 2015 15
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