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angústia, nominação realAngústia e sexuação

do lado mulher, diz Lacan, é de outra coisa e não do objeto
a que se trata (LACAN, 2005, p. 130-138).

Encontramos no campo dos vetores situado abai-
xo das proposições modais, campo onde Lacan situa a hu-
manidade, apenas dois caminhos que atravessam de um
lado para outro. Do lado homem, o sujeito dividido vai em
direção ao a, mostrando que o homem ama com seu fan-
tasma; do lado mulher, A mulher barrada se dirige ao falo
quando ama seu filho como tampão.

Se do lado homem o sujeito dividido pela ordem
fálica e todo inscrito nela não tem acesso ao Outro e tem
de lidar com o parceiro apenas como a, do lado mulher, a
mulher “não toda” tem relação com esse Outro enquanto
barrado. O lugar do Outro barrado, pela sua natureza, é
radicalmente o Outro que permanece sempre Outro. Nes-
se sentido Lacan vai dizer que a mulher “não toda” está
relacionada ao inconsciente, por isso suscita angústia. Ela
marca um campo como ignorado. Como não há Outro do
Outro, o que marca esse lugar é o significante que sinaliza
a barra no Outro. Nisso Lacan diz que a mulher “não toda”
se desdobra, pois para que ela possa ter um inconsciente
essa mulher “não toda” precisa do falo.

O que está em jogo é a existência do sujeito em
relação ao falo, pois do lado homem, como a negação inci-
de na função fálica, ela é esvaziada e o sujeito consegue se
inscrever aí. No lado oposto, a função é mais do que preen-

18 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 11-21, 2015
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