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angústia, nominação realAngústia e sexuação

A questão é que a incidência do objeto a traz,
como consequência, o desaparecimento do objeto amado,
constituído imaginariamente pelo investimento da libido e
do desejo, e o sujeito nessa hora fica na falta de desejo, lida
com um gozo retido no corpo, sendo afetado por aquilo que
é o mais íntimo de si mesmo. O surgimento da angústia
aí é sinal do apagamento momentâneo de toda referência
identificatória. A relação da angústia com a experiência do
coitus interruptus, para além do que Freud associa como
transformação direta da libido em angústia, é o retrato
fiel de que o instrumento fálico, apesar de viabilizar o
gozo, é posto fora do jogo do desejo, tal como acontece na
impotência psíquica, onde o que se vê é o gozo do órgão,
o gozo do autoerotismo, o gozo autista. Na angústia, o
sujeito perde a referência do desejo do Outro e para aceder
ao desejo é preciso atravessá-la (LEITE, 2013, p. 71-73).

Quando aborda as perturbações ou degradação
da vida amorosa, estas questões são brilhantemente
colocadas por Freud. Ele menciona a angústia com que
homens de forte natureza libidinosa sofrem frente à perda
de força caracterizada pela impotência psíquica. É por uma
peculiaridade do objeto sexual que provém a inibição da
potência masculina, acompanhada de uma sensação de
impedimento interior e uma vontade contrária que interfere
na intenção consciente. Há, portanto, uma particularidade
do objeto que induz ao fracasso e uma motivação para a
repetição da falha (FREUD, v. XI, 1912, p. 163).

14 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 11-21, 2015
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