Page 16 - revista_ato (1)
P. 16
angústia, nominação realAngústia e sexuação

pelo inconsciente. Aos seres falantes a chance falhada
parece-lhes obra do acaso, mas o que se vê é a ocorrência
do encontro programado e sempre evitado, como se o real
que o sujeito coloca em ato já estivesse sempre presente na
forma do traumatismo, mencionado como aquilo que “não
cessa de não se escrever”. É o efeito da cadeia significante
que determina a existência de um sujeito e suas falhas e
gera a incidência do objeto a como fortuito e causal. Na
fórmula do fantasma (S<>a), que Lacan indica encontrar-
se também a estrutura da angústia, a causa do desejo
representada pelo objeto a prevê que o desejo se inscreve
por uma contingência corporal.

Falamos da angústia na sua relação ao falo
imaginário, palco das identificações, da sexualidade e do
fantasma. Essa experiência é o que vive a humanidade
quando se reparte em identificações sexuais e é impelida
à sexuação regida pelo falo simbólico. Assim, as relações
amorosas propiciam os distúrbios da sexualidade e ao
mesmo tempo forçam a posição sexuada. Pela função
fálica e tudo que ela pode produzir de referência ao S1, de
encontro fortuito e de arranjo sexual, algo pode se inscrever
ou pode não se inscrever (LACAN, 2005, p. 188).

Tomando, portanto, a divisão sexuada dos
falantes frente à função fálica, tal como Lacan nos indicou
no Seminário Encore, o modo de satisfação nos dois sexos
revela que do lado homem, se ele tem êxito, como diz,
é para fazer malograr a relação sexual. Essa maneira de

16 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 11-21, 2015
   11   12   13   14   15   16   17   18   19   20   21