Page 33 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Ana Maria Fabrino Favato

objeto, portanto, o Real está em jogo. Essa identificação ao Sobre a consistência.
pai se faz pela via do amor com a incorporação do objeto
desejado. A referência é o pai da horda, o pai mítico de 33
Totem e Tabu, um pai na função de ex-sistência ou de
exceção em relação aos filhos e que é devorado por eles.
Mas é preciso gostar do pai, amá-lo, respeitá-lo, para poder
incorporá-lo.

No mesmo tempo da identificação ao pai
Real se dá a identificação ao traço significante do Outro.
Lacan a sugere como identificação Simbólica do Outro
Real. Está em Freud que, enquanto o pai é visto como
modelo ideal, o menino toma a mãe como objeto sexual.
Nessa identificação, o domínio é simbólico e a estrutura
se enoda pelo sintoma. A identificação ao traço do Outro
engendra um furo Simbólico no Real, chave para a entrada
do significante como traço ainda não enumerável, pois diz
do campo do vazio do traço unário. São, portanto, efeitos
de corte da identificação pela entrada do significante que
lança o sujeito na divisão.

Freud fala de um terceiro tipo de identificação
muito frequente e significativo que também participa da
formação do sintoma neurótico e que prescinde totalmente
da relação de objeto. Lacan a elege como a identificação ao
desejo do Outro e sua vertente é imaginária. O laço ao outro
se faz pela imitação ou infecção mental, como diz Freud,
em que o sujeito se identifica ao sintoma do outro, havendo
recobrimento de eus, muito comuns nos fenômenos de
massa. É uma identificação unificadora que deixa o sujeito

Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 27-36, 2016
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