Page 32 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Sobre a consistência.Que história é essa de consistência?

do que se perde e se produz em termos de figuração do nó.
A consistência se funda a partir do buraco: no caso do corpo
essa consistência é dada pelos orifícios do corpo; quando
falamos do sujeito suposto saber é o recalque originário
que o inaugura; por último, a não relação dá lugar a vida
sexuada.

O nó é triplo, numa relação entre Imaginário,
Simbólico e Real, mas sem perder seu peso de Real, afinal
o nó é Real, indicado pelo lugar onde está o a. Se há um
outro Real, ele está no nó, diz Lacan (LACAN, 1974/1975).
Ele está no triskel. Ao planear o nó temos a dimensão
dos domínios triplos nas vizinhanças do a, e Lacan nos
remete ao domínio das identificações, que Freud coloca
como essenciais na constituição do sujeito e na formação
do sintoma neurótico e que farão função de enlaçamento,
também dando consistência às amarrações, mas mostrando
seus pontos de furo. Pelo que chamou de identificação
tripla, Lacan marca a triplicidade desse Outro Real, um
Real que consiste. São três - RSI - mais um e esse mais
um é a identificação. “Como ao ser falante falta o ser, falta-
lhe a identidade, este arma seu nó com identificações”
(DAFUNCHIO, 2013, p. 223)

A identificação ao pai, conhecida em Freud
como a primeira exteriorização de um laço de sentimento
a uma outra pessoa, revelada por Lacan como identificação
primária, prepara a estrutura. É a identificação Real do
Outro Real sugerida como Nome do pai, em que o pai é
tomado como modelo e acontece antes de uma escolha de

32 Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 27-36, 2016
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