Page 29 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Ana Maria Fabrino Favato
Inibição, Sintoma e Angústia representam três Sobre a consistência.
consistências, três possibilidades de o sujeito evitar o real
da castração. O que pode unir Imaginário, Simbólico e Real 29
desunidos é a consistência do terceiro anel, que unirá os
outros dois. Não importa quem faça o enodamento, pois
não há hierarquia entre os registros.
Em “A terceira”, Lacan sugere que, para que
haja nó borromeu, não é necessário que as três consistên-
cias sejam todas tóricas. Ressalta que uma reta tem a pos-
sibilidade de se fechar no infinito. Dos três registros, pode
haver dois que se caracterizam por não se fechar. O real se
distingue justamente por não fazer todo e a mesma coisa
pode-se dizer do simbólico. Então, basta que o imaginário
manifeste-se como toro, sendo o lugar onde certamente
se anda em roda para, com duas retas abertas ao infinito,
ter-se o nó borromeu. Isso é próprio do que a experiência
clínica nos traz. Uma paciente diz algumas vezes se sentir
andar em círculos, voltar no mesmo ponto, ficar dando vol-
tas, funcionar como um disco arranhado ou uma máquina
de lavar roupas, que roda, roda, e não sai do lugar.
Nesse sentido, a consistência é fundamental,
pois sem essa ao menos uma consistência de corda
não há nó, não há com o que trabalhar numa análise. O
Imaginário é onde toda verdade se enuncia e se confessa.
Sem o fechamento da rodela, não temos nem o furo,
nem a ex-sistência e muito menos a consistência. E a
consistência do Imaginário é equivalente à do Real e do
Simbólico. Lacan nos diz que o que impele a consistência
Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 27-36, 2016
Inibição, Sintoma e Angústia representam três Sobre a consistência.
consistências, três possibilidades de o sujeito evitar o real
da castração. O que pode unir Imaginário, Simbólico e Real 29
desunidos é a consistência do terceiro anel, que unirá os
outros dois. Não importa quem faça o enodamento, pois
não há hierarquia entre os registros.
Em “A terceira”, Lacan sugere que, para que
haja nó borromeu, não é necessário que as três consistên-
cias sejam todas tóricas. Ressalta que uma reta tem a pos-
sibilidade de se fechar no infinito. Dos três registros, pode
haver dois que se caracterizam por não se fechar. O real se
distingue justamente por não fazer todo e a mesma coisa
pode-se dizer do simbólico. Então, basta que o imaginário
manifeste-se como toro, sendo o lugar onde certamente
se anda em roda para, com duas retas abertas ao infinito,
ter-se o nó borromeu. Isso é próprio do que a experiência
clínica nos traz. Uma paciente diz algumas vezes se sentir
andar em círculos, voltar no mesmo ponto, ficar dando vol-
tas, funcionar como um disco arranhado ou uma máquina
de lavar roupas, que roda, roda, e não sai do lugar.
Nesse sentido, a consistência é fundamental,
pois sem essa ao menos uma consistência de corda
não há nó, não há com o que trabalhar numa análise. O
Imaginário é onde toda verdade se enuncia e se confessa.
Sem o fechamento da rodela, não temos nem o furo,
nem a ex-sistência e muito menos a consistência. E a
consistência do Imaginário é equivalente à do Real e do
Simbólico. Lacan nos diz que o que impele a consistência
Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 27-36, 2016