Page 70 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Ex-sistênciaO desejo do analista como operador lógico e o espaço de ex-sistência
um corte que intervém para abrir um espaço, uma brecha
entre um significante e outro. Podemos dizer que a análise
é um espaço entre dois espaços de ex-sistência.
Se a ex-sistência se define por relação a uma certa
consistência, se essa ex-sistência é de certa maneira esse
em volta do que se evapora uma substância [...] nem por
isso a noção de uma falha, a noção de um buraco, mesmo
em algo tão extenuado quanto à existência, deixa de
manter seu sentido. Pois se eu lhes disse de início haver
no simbólico um recalcado, há também no real algo que
faz buraco, há também no imaginário, Freud se deu bem
conta, e foi por isso que burilou tudo que há de pulsões
no corpo como estando centradas em torno da passagem
de um orifício a outro. ( R.S.I. pág 19)
Ex-sistência seria, assim, o efeito que um
registro, furando o outro, provocaria ao criar um espaço ao
mesmo tempo fora e interno ao primeiro. É o que enoda
desejo e real e o que sustenta o desejo do analista.
Lacan aponta que real, simbólico e imaginário
têm um sentido, sentidos diferentes, mas com uma medida
comum. E todos se referem ao real, ao real pelo qual cada
um responde. O real, no ponto triplo do cruzamento dos
três elos, é a medida comum. Assim, o objeto a, objeto
impossível e inatingível, vem alojar-se no encaixe central
dos três elos, onde o buraco de um conjuga-se triplamente
ao buraco dos outros dois, fixando o vazio da sua ausência.
Portanto, o buraco central permite situar três campos de
ex-sistência: o sentido, o gozo fálico e o gozo do Outro.
A inibição, como nominação do imaginário,
70 Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 69-74, 2016
um corte que intervém para abrir um espaço, uma brecha
entre um significante e outro. Podemos dizer que a análise
é um espaço entre dois espaços de ex-sistência.
Se a ex-sistência se define por relação a uma certa
consistência, se essa ex-sistência é de certa maneira esse
em volta do que se evapora uma substância [...] nem por
isso a noção de uma falha, a noção de um buraco, mesmo
em algo tão extenuado quanto à existência, deixa de
manter seu sentido. Pois se eu lhes disse de início haver
no simbólico um recalcado, há também no real algo que
faz buraco, há também no imaginário, Freud se deu bem
conta, e foi por isso que burilou tudo que há de pulsões
no corpo como estando centradas em torno da passagem
de um orifício a outro. ( R.S.I. pág 19)
Ex-sistência seria, assim, o efeito que um
registro, furando o outro, provocaria ao criar um espaço ao
mesmo tempo fora e interno ao primeiro. É o que enoda
desejo e real e o que sustenta o desejo do analista.
Lacan aponta que real, simbólico e imaginário
têm um sentido, sentidos diferentes, mas com uma medida
comum. E todos se referem ao real, ao real pelo qual cada
um responde. O real, no ponto triplo do cruzamento dos
três elos, é a medida comum. Assim, o objeto a, objeto
impossível e inatingível, vem alojar-se no encaixe central
dos três elos, onde o buraco de um conjuga-se triplamente
ao buraco dos outros dois, fixando o vazio da sua ausência.
Portanto, o buraco central permite situar três campos de
ex-sistência: o sentido, o gozo fálico e o gozo do Outro.
A inibição, como nominação do imaginário,
70 Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 69-74, 2016