Page 22 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Elaborações que nos remetem ao campo do “buraco”.A presença de “a” enquanto presença do inconsciente

enquanto manifestação do inconsciente, ao presentificar a
como causa de desejo, convoca o analisante a dizer mais,
pois a experiência é determinante em sustentar que,
mesmo não sabendo o que diz, há saber no inconsciente.

E se a transferência é o que desvia a demanda da
pulsão, o desejo do analista, ao fazer parte do inconsciente
através de a, é o que a traz de volta ao trabalho com o
inconsciente, a pulsão e a repetição.

A interpretação feita pelo analista no fragmento
citado. “Deixei amá-la lá”, implica o sujeito com sua
questão, “a mala” como significante em pura divisão,
faz surgir um significante qualquer, “amá-la”, fazendo
desse significante qualquer, um significante Mestre, uma
entrada para o trabalho com o inconsciente, de onde parte
em soluços dizendo:

“Deixei de amá-la, lá no...”.
A interpretação tem valor de verdade, se for
capaz de provocar uma torção. Uma vez que a presença do
analista enquanto semblante de a é, ela própria, a presença
do inconsciente.
Esse objeto paradoxal, único que chamamos
objeto a, “[...] eu o presentifico para vocês de modo
mais sincopado, sublinhando que o analisando diz em
suma a seu parceiro, ao analista – Eu te amo, mas porque
inexplicavelmente amo em ti, algo que é mais do que tu – o
objeto a minúsculo, eu te mutilo ([1964]1988, p. 254)”.
Lacan estabelece que, estando pelas trilhas do
inconsciente estruturado como uma linguagem, o sujeito

22 Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 17-24, 2016
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