Page 21 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Maria Cristina M. Moura

Quando Lacan toma a presença do psicanalista Elaborações que nos remetem ao campo do “buraco”.
para falar de presença do inconsciente, ele o faz referendado
sempre na posição do psicanalista: a enquanto causa de 21
desejo. A abertura do inconsciente é um efeito da fala,
e exige do analista considerar seu fechamento como
efeito da hiância, pulsação e não como interior/exterior.
A emergência do discurso do psicanalista provoca a
passagem de um discurso ao outro, um giro nos discursos:
uma passagem do discurso histérico para o discurso
do inconsciente, da constituição do sintoma analítico à
abertura do inconsciente.

A clínica nos mostra que o discurso do
inconsciente (DM) se apresenta limitado em virtude da
castração que está colocada no campo de sua verdade, há
uma impossibilidade discursiva. Daí a construção de um
sintoma, que possa dar sentido ao que não há! Algo não
anda bem entre S1 e S2, e isso se encaminha para a produção
de gozo. Sabemos que esse discurso só se esclarece, ou só
se resolve por uma regressão do discurso histérico, onde o
fazer desejar coloca em marcha um trabalho com a rede de
significantes.

É a função da causa que orienta a pesquisa de
Lacan em Freud. O que encontra no buraco, na fenda, na
hiância, enquanto característica da causa, exige uma escrita
lógica da estrutura, uma vez que não existe significante
para dizê-la, e nem há como suturar a hiância.

É dessa posição de falta que o analisante fala
mais do que sabe, e não sabe o que nele diz. O analista,

Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 17-24, 2016
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