Page 20 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
P. 20
Elaborações que nos remetem ao campo do “buraco”.A presença de “a” enquanto presença do inconsciente

atualização, abertura e fechamento do inconsciente, que o
analista pode ser descoberto como presença.

Ao se encontrar constituído como o destinatário
do material inconsciente, por se situar no lugar do Outro,
o analista está avisado de que há de buscar elementos
inconscientes, em sua enunciação, naquele que o diz. É
uma experiência de discurso. Se o discurso do Outro, que
se trata de realizar, o do inconsciente, ele não está em
abertura, é ele que pela presença do analista, enquanto
semblante de a, apela à reabertura

“Você diz isso mesmo: ‘Eu deixei amá-la lá’”, diz
o analista.

Bate à porta com um enigma, sem o saber. A
posição do psicanalista enquanto presença de a, pode ser
que se torne presença do inconsciente. Sem garantia. Disso
não se sabe a priori.

“Silêncio. Um olhar e um sorriso se fecham. E
em seu lugar, soluços.”

Desde Freud, está posto que o tratamento
possível às neuroses se constituía em estabelecer a neurose
de transferência, pois o analista incluído naquela cena,
estava em condições de operar com o material inconsciente.

Se o analisante, do lugar do discurso histérico
S, convida o analista a ocupar o lugar de S1, oferecendo o
amor ou uma demanda de saber, o analista, avisado pela
experiência, devolve para ele o fio da palavra, enquanto
semblante, como presença de “a”. Pode ser que se inaugure
um trabalho com o inconsciente.

20 Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 17-24, 2016
   15   16   17   18   19   20   21   22   23   24   25