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Faz-se topologia com o desejo do analista?Topologia e desejo do analista: vicissitudes
Seja na abordagem das superfícies ou dos nós, Lacan bus-
ca a escrita da estrutura do sujeito. Isso interessa à clínica,
pois toca o Real, permite sua apreensão por outra via que
não somente a articulação significante e sua gramática.
A origem topológica da linguagem está ligada ao que vem
através da sexualidade. O que vem antes? É ser falante por
causa da sexualidade ou porque é falante que está sujeito à
sexualidade?
A linguagem, em sua tessitura de significantes, determina
os cortes nas superfícies e as engendra.
Trata-se de nos darmos conta de como o campo do cor-
te, a hiância do corte, organizando-se em superfícies, faz
surgir as diferentes formas onde podem se ordenar os
tempos de nossa experiência do desejo (LACAN, 1961-
1962, p. 337).
Sabemos que o desejo do analista foi uma resposta de Lacan
ao conceito de contratransferência. Ele propôs uma função que
sustentasse o lugar de causa, como está escrito no discurso do
analista. Assim, o agente desse discurso, o objeto a como sem-
blant, é o que dá o fundamento e o suporte da posição do ana-
lista. Podemos escrever desejo “do” analista como uma função
e não desejo “de” analista. Não se trata de extrair um sentido
dessa expressão, seja no genitivo objetivo ou subjetivo. Na re-
lação do sujeito ao Outro, lugar vazio oferecido à fala, o objeto
demandado não é encontrado, pois ele falta desde a origem do
ser falante. A esse objeto, Lacan nomeou o objeto a. O desejo do
analista é esse desejo a-visado que possibilitará que o analista
deixe o analisante dele se servir para ser causa de seu desejo.
10 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 9-18, 2017
Seja na abordagem das superfícies ou dos nós, Lacan bus-
ca a escrita da estrutura do sujeito. Isso interessa à clínica,
pois toca o Real, permite sua apreensão por outra via que
não somente a articulação significante e sua gramática.
A origem topológica da linguagem está ligada ao que vem
através da sexualidade. O que vem antes? É ser falante por
causa da sexualidade ou porque é falante que está sujeito à
sexualidade?
A linguagem, em sua tessitura de significantes, determina
os cortes nas superfícies e as engendra.
Trata-se de nos darmos conta de como o campo do cor-
te, a hiância do corte, organizando-se em superfícies, faz
surgir as diferentes formas onde podem se ordenar os
tempos de nossa experiência do desejo (LACAN, 1961-
1962, p. 337).
Sabemos que o desejo do analista foi uma resposta de Lacan
ao conceito de contratransferência. Ele propôs uma função que
sustentasse o lugar de causa, como está escrito no discurso do
analista. Assim, o agente desse discurso, o objeto a como sem-
blant, é o que dá o fundamento e o suporte da posição do ana-
lista. Podemos escrever desejo “do” analista como uma função
e não desejo “de” analista. Não se trata de extrair um sentido
dessa expressão, seja no genitivo objetivo ou subjetivo. Na re-
lação do sujeito ao Outro, lugar vazio oferecido à fala, o objeto
demandado não é encontrado, pois ele falta desde a origem do
ser falante. A esse objeto, Lacan nomeou o objeto a. O desejo do
analista é esse desejo a-visado que possibilitará que o analista
deixe o analisante dele se servir para ser causa de seu desejo.
10 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 9-18, 2017